Arthur Moreira Lima, o pianista, lia o jornal, compenetrado, em um dos sofás da sala VIP do aeroporto internacional de Guarulhos (SP). Pensei em cumprimentá-lo, já havia conversado com ele em algumas ocasiões, como num show de tango no La Ventana, em Buenos Aires, onde estávamos como convidados do voo inaugural da Transbrasil, num grupo de agentes de viagens e jornalistas, na companhia do comandante Omar Fontana, o dono da aérea.
Quando o alto falante de Guarulhos anunciou o embarque para Londres – era também um voo inaugural da Transbrasil, final dos anos 1990, e Moreira Lima ia se apresentar na embaixada brasileira, onde um coquetel saudaria a nova rota -, fomos todos para o portão de embarque, uma longa fila. Ao me virar, dei com Arthur Moreira Lima atrás de mim.
Depois dos cumprimentos de praxe, ele disse: “Legal aquele dia naquela feira em Recife, não?
No primeiro momento, achei que ele estava me confundindo com outra pessoa e levei a conversa meio no banho-maria, procurando me situar.
Até que ele falou: “Muito boas aquelas bebidas de Curitiba, a vermelha e a outra, que vocês serviram”.
Aí, matei a charada: ele se referia à gasosa Cini de framboesa e à gengibirra, que haviam sido oferecidas aos visitantes do estande do Paraná (que Curitiba compartilhava, eu na condição de diretor de Turismo da cidade) na feira de turismo da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), na capital pernambucana.
Em Londres, Arthur Moreira Lima deu seu costumeiro show de piano na embaixada brasileira e, como sempre, encantou os convidados: brasileiros, britânicos e representante diplomáticos.
Arthur Moreira Lima morreu nesta quarta-feira 30, em Florianópolis (SC), de câncer no intestino. Tinha 84 anos. RIP.