O engenheiro civil Cássio Bittencourt Macedo (1922-2017) foi duas vezes secretário de Viação e Obras Públicas do Paraná. A primeira, em 1957-1958, na segunda gestão de Moisés Lupion; a outra, em 1971, no breve governo de Haroldo Leon Peres, nomeado e empossado em março daquele ano e cassado 10 meses depois pelo governo militar, então exercido pelo presidente-general Emílio Garrastazú Médici. Foi acusado de corrupção, numa nebulosa trama onde um dos personagens foi o empreiteiro paranaense Cecílio do Rego Almeida.
A Secretaria de Viação e Obras Pública (SVOP) comandava, nos anos 1950, uma superestrutura. No seu organograma estavam órgãos como Copel, DER (Departamento de Estrada de Rodagem), Porto de Paranaguá, aeroportos, os departamentos de Água e Esgoto, de Águas e Energia Elétrica, de Edificações e Obras Especiais, de Telecomunicações, a Estrada de Ferro Central do Paraná, e o serviço de telefones, mais tarde transformado na Telepar (Companhia de Telecomunicações do Paraná). Cássio Bittencourt Macedo, aos 35 anos de idade, liderava esse complexo.
O pai de Cássio, Raul de Azevedo Macedo (1891-1980), também engenheiro, ocupou em três ocasiões a mesma secretaria. Uma delas guarda uma história interessante.
Cássio Macedo era um engenheiro, um técnico, não tinha militância política, mas, a convite do então coronel Luiz Carlos Pereira Tourinho, diretor geral do DER, era filiado ao PSP (Partido Social Progressista). Tourinho era o presidente regional do PSP, cujo comando nacional era do ex-governador de São Paulo, Ademar de Barros.
Em meados de 1958, o PSP rompeu com o governador Moisés Lupion, que era do PSD (Partido Social Democrático). Cássio, então, apresentou seu pedido de demissão.
Lupion, que gostava muito do seu trabalho, ficou indeciso, mas era necessário cumprir os rituais político-partidários. Aceitou, mas com uma única condição: que o substituto de Cássio fosse o seu pai, Raul de Azevedo Macedo, também engenheiro e que já tinha sido titular da SVOP, diretor do Porto de Paranaguá e prefeito de Curitiba.
Aposentado, Raul Macedo estava em Guaratuba, onde tinha casa. Lupion mandou Cássio em seu próprio carro oficial buscá-lo. Encontrou o pai consertando o telhado. O homem achou que era uma brincadeira do filho e só se convenceu quando viu o carro do Palácio do Governo e o motorista, que já conhecia. Assumiu dias depois e, na posse, em tom humorado, comentou que “negócio de pai para filho é bom, mas de filho para pai, nem sempre”.
E pediu que Cássio o auxiliasse na missão, assumindo a direção do Departamento de Edificações e Obras Especiais da SVOP.
Coisas inimagináveis hoje em dia.