
Considerada a primeira povoação de Santa Catarina e a terceira do Brasil, cujo marco zero teria sido a chegada do navegador francês Binot Palmier de Gonneville, em 1504, a bordo do veleiro L’Espoir, depois de uma viagem cheia de problemas, São Francisco do Sul reverencia até hoje o seu herói. Que ganhou até nome de rua, de casa de comércio, entre outras homenagens.
O advogado Luiz Fernando Arzua, já falecido, foi assessor legislativo na segunda gestão do prefeito Jaime Lerner, em Curitiba (1979-1982). Era, também, funcionário da Caixa Econômica Federal. Natural de São Francisco do Sul, tinha lá sua casa de veraneio. Nos fins de semana, divertia-se com os amigos em rodas de carteado. Volta e meia o assunto era Binot de Gonneville.
Certo dia, Arzua bolou uma brincadeira para zoar com seus parceiros de São Chico. Arranjou um mapa antigo da cidade, que o fotógrafo da Prefeitura de Curitiba Erony Santos envelheceu ainda mais com recursos de produtos químicos de revelação fotográfica. Bolei uma curta dedicatória de Binot, vertida para o português arcaico e transcrita no mapa pela caligrafia também da época de um funcionário da Assembleia Legislativa, desenhador de diplomas. Binot “saudava” no texto, um ancestral de Arzua, que instalou o quadro, emoldurado, atrás de seu lugar à mesa do baralho.
Os parceiros de jogo ficaram intrigados e agitados com a novidade. “Isso aí?”, perguntou Arzua em tom displicente, como quem não quer nada. “Achei num baú da família, gostei e mandei enquadrar”. A roda do jogo ficou deslumbrada. Arzua ganhou status de celebridade.
Afinal, um ancestral seu era amigo de Binot, o navegador francês fundador da cidade. Arzua se fechou em copas e, garante, nunca revelou a eles a brincadeira.