O Refúgio Biológico Bela Vista (RBV), mantido pela Itaipu Binacional, concentra quase 30% de toda a população de harpias que vive em cativeiro no Brasil. Os números foram apresentados pelo biólogo Marcos José de Oliveira, da Divisão de Áreas Protegidas da empresa, durante o 1º Workshop para Conservação Integrada da Harpia, realizado esta semana no Parque Nacional do Iguaçu.
O levantamento compõe um dos capítulos da dissertação de mestrado que Oliveira concluiu neste ano na Universidade Federal do Paraná (UFPR), na área de Zoologia. Segundo ele, 117 gaviões-reais (como a harpia também é conhecida) são mantidos por 36 instituições espalhadas pelas cinco regiões do País. Desse total, 76 nasceram na natureza e 41 em
cativeiro.
São zoológicos, criadouros de conservação, criadouros comerciais e unidades de conservação. Somente no Refúgio Biológico de Itaipu, vivem atualmente 32 aves. Dessas, 22 nasceram no próprio espaço, dentro do programa de reprodução da espécie, e 10 vieram de fora, para compor o plantel de matrizes (6 fêmeas e 4 machos).
Considerando as regiões, o Sudeste é o local com mais harpia vivendo em cativeiro. São 52 animais (44% do total) espalhados por 15 instituições. A região Centro-Oeste é a que tem menos animais (apenas 6, ou 5% do total), em três instituições. No Sul, além de Itaipu, outras quatro instituições mantêm casais de harpias em cativeiro.
Marcos de Oliveira observou que das 36 instituições brasileiras que mantêm harpias em cativeiro, apenas 10 já tiveram resultados de reprodução. “Mas não são resultados continuados, expressivos”, comenta.
O biólogo salientou que, hoje, Itaipu é a única instituição no mundo que está reproduzindo a espécie. O trabalho começou em 2000, quando o refúgio recebeu o primeiro exemplar macho, com resultados positivos a partir de 2009.
Desde então, nasceram no espaço 32 filhotes (coincidentemente, o mesmo número do plantel atual). Considera-se no levantamento apenas filhotes que sobreviveram 180 dias após o nascimento. “Itaipu é a única instituição que tem resultados expressivos e de forma continuada”.
A harpia é um dos maiores, o mais pesado e o mais forte gavião do mundo. Adulto, pode alcançar 10 quilos e dois metros e meio de envergadura. O talão (a unha da ave) mede até nove centímetros, equivalente à unha de um urso pardo. A espécie habitava uma região que ia do sul do México ao norte da Argentina, passando por todo o território brasileiro. Hoje, porém, fora do cativeiro, a harpia no Brasil só é encontrada na região do bioma amazônico, além de poucos registros no que restou da Mata Atlântica.
Imprensa Itaipu Binacional