Em 3 de outubro de 1965, o Paraná – cujo governador tinha mandato de cinco anos, assim como em outros 10 estados brasileiros – realizou eleições para a escolha do sucessor de Ney Aminthas de Barros Braga, que exercera o cargo desde 1961. Foi o último pleito direto ao longo de quase duas décadas, pois o Brasil vivia tempos do regime militar que havia derrubado o governo constitucional de João Goulart, em 1964. Somente em 1982 os paranaenses recuperaram o direito de votar para governador: o eleito, então, foi José Richa.
Ney Braga acabou não cumprindo integralmente seu mandato, pois foi convidado pelo primeiro presidente do ciclo militar recém-instalado, marechal Humberto de Alencar Castello Branco, para assumir o Ministério da Agricultura. Renunciou e, por acordos políticos, também renunciou seu vice, Afonso Alves de Camargo Neto. A Assembleia Legislativa elegeu, então, para o mandato tampão, o ex-secretário da Fazenda Algacir Guimarães, tendo como vice o deputado e general Alípio Aires de Carvalho.

Concorreram ao cargo de governador em 1965 o empresário Paulo Cruz Pimentel, que havia sido secretário da Agricultura de Ney, e o engenheiro Bento Munhoz da Rocha Neto, que já havia comandado o Paraná no período 1951-1955 (renunciou meses antes de concluir o mandato, pois fora cogitado para ser candidato a vice-presidente da República, o que não aconteceu; acabou assumindo o Ministério da Agricultura). Bento era ex-cunhado de Ney Braga, a quem havia lançado na vida pública.
Em 3 de outubro de 1965, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, 1.016.572 eleitores paranaenses foram às urnas. Dos votos válidos, Paulo Cruz Pimentel, que tinha como vice o engenheiro Plínio Franco Ferreira da Costa, foi eleito com 518.971 votos (53,05%); Bento, cujo vice era Rafael Rezende, recebeu 459.282 (46,95%).
Foi uma campanha muito disputada. E até agressiva. Na reta final, correligionários de Paulo Pimentel inundaram a cidade com panfletos que, em versos, menosprezavam o adversário:
Zé do Povo está com Paulo
Zé Ninguém está com Bento
Zé Ninguém é o vigarista
Zé Ninguém é o caloteiro
Zé Ninguém é o comunista
Esse Zé é o futriqueiro
Zé do Povo é o operário
Zé do Povo é o lavrador
Zé do Povo é o funcionário
Esse é o Zé trabalhador
Zé Ninguém é estória, é onda…é vento
Zé do Povo é luta, é glória…é tento
Zé do Povo está com Paulo
Zé Ninguém está com Bento
A resposta não tardou:
Resposta do “Zé Ninguém” ao sr. Paulo Pimentel
Na rua sou Zé Ninguém,
na urna sou eleitor!
Meu voto serve também
prá eleger governador
Mas Paulo diz que não quer
conversa com Zé Ninguém!
Se não quer minha conversa,
meu voto não quer também!
E como ‘seu’ Pimentel
me olha assim com desdém,
vou dar o meu voto a Bento,
que gosta de Zé Ninguém!!!

Paulo Pimentel fez um bom governo (1966-1971), de avanços, aproveitando a estrutura administrativa e projetos importantes legados pelo antecessor. Construiu hidrelétricas, rodovias e implantou a Telepar – Companhia de Telecomunicações do Paraná. Foi deputado federal e empresário na área de comunicação, com jornais, rádio e emissoras de televisão.
Bento Munhoz da Rocha Neto, considerado o mais brilhante tribuno paranaense de todos os tempos, voltou à vida privada. Em seu governo havia criado a Copel, o Centro Cívico, construído o Palácio Iguaçu, a Biblioteca Pública do Paraná, a primeira etapa do Teatro Guaira, entre outras obras importantes. Morreu em 12 de novembro de 1973, aos 68 anos.