Tropeirismo é tema de série da TV Evangelizar

Feira tropeira em Sorocaba (SP)
Desenho de Getúlio Delphin

A TV Evangelizar produziu uma série de cinco programas sobre Tropeirismo, movimento que teve fundamental importância no desenvolvimento de riquezas e na criação de cidades nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, através da condução de animais pelos tropeiros, nos idos dos séculos 17 e 18.

Neste domingo, às 9h30, a TV comandada pelo padre Reginaldo Manzotti leva ao ar o segundo programa; no primeiro, exibido dia 15/10 (veja o link abaixo), o escritor e pesquisador do tropeirismo Carlos Roberto Solera traçou um panorama geral do movimento, falando das invernadas que deram origem a cidades, principalmente na rota entre Viamão (RS) e Sorocaba (SP), passando pelos Campos Gerais no Paraná; das sesmarias, imensas áreas de terras doadas a pessoas de destaque da época para desenvolvimento da lavoura e da criação de gado; e da capacidade de transporte e de viagens longas dos jumentos, entre outros pontos.

Nos demais programas, o tema se abrirá a outros aspectos deste que foi, como destaca Solera, “um dos, senão o maior movimento expansionista e influenciador de nossa brasilidade”.  Mais pesquisadores darão sua contribuição.

Carlos Solera, um batalhador pela valorização do Tropeirismo

Carlos Solera lembra que o Tropeirismo no Brasil teve início com o desenvolvimento da mineração nos séculos 17 e 18: a descoberta de ouro e de prata provocou intenso movimento migratório para a região das “minas gerais”.

Os tropeiros foram importantes para abastecer de alimentos toda aquela gente, no comércio e transporte de mercadorias, na demarcação de estradas e rotas, principalmente nas regiões Sul e Sudeste e na definição de povoados, vilas e cidades.

O Tropeirismo acompanhou os ciclos econômicos do país, como o de mineração, da cana de açúcar, café, cacau, erva mate e madeira.

O Núcleo de Amigos da Terra e da Água (Nata), associação de direito privado criada em 1999, que Solera preside, trabalha já há bom tempo obter a titulação do tropeirismo como Patrimônio Imaterial brasileiro pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Para isso vem elaborando um banco de dados sobre a cultura tropeira do país, através de seminários, encontros, reuniões públicas, palestras, além da formatação de Cartas Tropeiras e um inventário nacional, em diversos estados do Brasil.

Numa etapa futura, a entidade vai buscar a Declaratória de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, órgão das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura. Para isso, conta com a parceria técnica da Universidade de Girona, Espanha, através de sua Faculdade de Turismo, o maior centro acadêmico de Turismo Cultural da Europa.

Há três anos, a Câmara Municipal de Curitiba sediou debates sobre tropeirismo, por iniciativa do próprio Solera, e instituiu o Dia da Memória Tropeira, comemorado a cada 19 de setembro.

Nessa data, no ano de 1730, o capitão Francisco Sousa e Farias visitou o legislativo municipal para comunicar a conclusão da abertura do Caminho dos Conventos, a primeira estrada de tropas do Brasil colonial.

A rota partia da região entre Laguna e a atual cidade de Araranguá (SC), junto ao morro dos Conventos, hipoteticamente o limite sul oficial do território brasileiro-português estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas. Atingia a região gaúcha dos Campos de Cima da Serra, adentrava a serra catarinense, cruzava o chão onde estão hoje Lages e Curitibanos, descia a serra do Espigão e entrava em território paranaense após atravessar o rio Una (atual rio Negro). Passava pelo futuro território da Vila da Lapa e terminava na fazenda chamada Os Carlos, no distrito da atual São Luiz do Purunã.

 

 

Compartilhar: