Um breve panorama dos prefeitos eleitos de Curitiba

Cândido de Abreu, primeiro prefeito eleito de Curitiba/foto: Reprodução

Ao longo dos 331 anos oficiais de Curitiba – a contagem é a partir da instalação da Câmara Municipal, em 29 de março de 1693, embora a povoação já existisse há bom tempo -, a capital paranaense teve apenas 15 prefeitos eleitos – 16 se se considerar um vice que completou o mandato do titular. Desses, quatro foram reeleitos.

No império, a figura do prefeito em algumas capitais foi criada durante a chamada regência una de Diogo Feijó (1835-1837) e extinta no segundo ano da regência de Araújo Lima (1837-1840). Os regentes governavam à espera da maioridade de D. Pedro II.

Na época, Curitiba ainda pertencia à Quinta Comarca de São Paulo e por isso a nomeação coube ao presidente da província paulista: o escolhido foi José Borges de Macedo, um paranaense de Castro, que administrou a cidade por dois anos e oito meses, entre julho de 1835 a março de 1838, quando o cargo – aqui e em São Paulo – foi extinto por pressão dos vereadores paulistanos.

A figura do prefeito de Curitiba seria recriada pela primeira Constituição republicana do Paraná, promulgada em 7 de abril de 1892, que estabeleceu: “O governo municipal é delegado: a) a uma corporação deliberante, com a denominação de Câmara Municipal; b) a um cidadão encarregado das funções executivas, denominado prefeito”.

Prefeito e vereadores teriam mandato de quatro anos e poderiam ser reeleitos. (Provisoriamente, logo após o advento do regime republicano, a Câmara havia sido substituída por uma Comissão Municipal, com as mesmas atribuições, e a chefia do executivo entregue a um intendente.)

A primeira eleição para prefeito de Curitiba foi realizada dia 21 de setembro de 1892 e o engenheiro Cândido Ferreira de Abreu, concorrendo com outros três candidatos, foi eleito por ampla margem. (Votavam apenas homens maiores de 21 anos, preferencialmente brancos e bem ou razoavelmente posicionados na sociedade).

Luiz Antônio Xavier, o primeiro prefeito reeleito/foto: Reprodução

Abreu assumiu em seguida, mas renunciou um ano e 11 meses depois, em função de atritos com a Câmara, que lhe negou recursos para obras.

O segundo prefeito eleito foi Cyro Persiano de Castro Vellozo (1895-1896), que também renunciou. Depois de interinidades, as urnas escolheram Cícero Gonçalves Marques, que foi o primeiro a governar a cidade em mandato integral: quatro anos, até 1900.

Os primeiros anos do novo século registraram no paço municipal as presenças de Luiz Antônio Xavier, eleito em 1900 e reeleito em 1904, e de Joaquim Pereira de Macedo, no período 1908-1912.

Antes do final do mandato de Macedo, uma lei estadual – nº 1.142/12 -, sancionada pelo governador Carlos Cavalcanti de Albuquerque, estabeleceu que os prefeitos de Curitiba passariam a ser nomeados.

E assim aconteceu até 1954, quando, após a redemocratização do país com o fim da ditadura de Getúlio Vargas, Curitiba elegeu prefeito o major Ney Aminthas de Barros Braga, até então chefe de Polícia, cargo equivalente hoje a secretário de Segurança.

Depois de Ney Braga, foram eleitos o general Iberê de Mattos (1958-1962) e o engenheiro Ivo Arzua Pereira (1962-1966). A posse era em 15 de novembro.

O golpe de estado que derrubou o presidente João Goulart e instituiu o regime militar, em 1964, acabou com as eleições diretas para prefeito das capitais, que seriam retomadas apenas em 1985. Nesse ano, o eleito em Curitiba foi Roberto Requião de Mello e Silva para um mandato de três anos, sem direito a reeleição, que só seria instituída em 1997.

Ney Braga, primeiro eleito após a redemocratização pós ditadura Vargas/foto: Acervo de família

Na sequência, e a cada quatro anos, os prefeitos eleitos foram se sucedendo: Jaime Lerner (1989-1992), Rafael Valdomiro Greca de Macedo (1993-1996), Cássio Taniguchi (1997-2000, reeleito para 2001-2004), Carlos Alberto (Beto) Richa (2005-2008), reeleito para o período 2009-2012, do qual só cumpriu metade, passando o cargo para o vice, Luciano Ducci (2010-2012), Gustavo Fruet (2013-2016) e Rafael Greca (2017-2020, reeleito em 2020). A posse havia passado para 1º de janeiro.

A história registra, ainda, que apenas dois prefeitos, ambos nomeados, tiveram filhos como sucessores anos depois: Wallace Thadeu de Mello e Silva (dois meses no cargo, entre julho e setembro de 1951), pai de Roberto Requião, que também é Mello e Silva); e Maurício Fruet (1983-1985), pai de Gustavo Fruet. Wallace foi candidato em 1954, mas perdeu para Ney Braga; ficou em segundo lugar.

Jaime Lerner, depois de duas nomeações, a volta pelas urnas/foto: Instituto Jaime Lerner

Roberto Requião, curiosamente, teve dois irmãos – Eduardo e Maurício – candidatos a prefeito na mesma eleição, em 2000, ambos derrotados. Em 2016, lançou seu filho, Requião Junior – cujo nome de batismo é Maurício Thadeu de Mello e Silva, que ficou em terceiro lugar.

Um outro filho de prefeito, Carlos Alberto Moro, filho de Amâncio Moro (cinco meses em 1951), tentou seguir os caminhos do pai, mas foi derrotado na eleição de 1962, vencida por Ivo Arzua (Moro ficou em segundo).

Nas duas primeiras décadas do século 20, dois irmãos foram prefeitos de Curitiba: Luiz Antônio Xavier (1900-1908) e João Antônio Xavier, que cumpriu uma interinidade de quatro anos, em dois períodos, entre 1916 e 1920. Era presidente da Câmara.

Nas próximas eleições de 6 de outubro, em Curitiba, o deputado estadual Ney Leprevost Neto tenta, mais uma vez, ocupar o posto que já foi de seu avô (11 meses em 1948). Entre seus oponentes está o atual vice-prefeito Eduardo Pimental Slaviero, neto do ex-governador do Paraná Paulo Pimentel (1960-1965). E Roberto Requião, três vezes governador, tenta voltar à sala principal do Palácio 29 de Março, a sede da Prefeitura.

 

 

 

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