No inverno de 2009, a Universidade Federal do Paraná lançou o projeto Corredor Cultural, cuja primeira etapa deveria estar pronta para comemorar o centenário da instituição, dois anos e meio depois, em dezembro de 2012. Segundo dados divulgados na época pela assessoria de Comunicação da UFPR, “o projeto prevê a transformação do trecho de aproximadamente um quilômetro entre o prédio histórico da UFPR, na praça Santos Andrade, e o complexo da Reitoria, em espaços de vivência cultural gratuitos para a população”.
Seis anos mais tarde, foi firmado protocolo de intenções pelo qual outras instituições aderiram à iniciativa: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Federação do Comércio do Paraná, Associação Comercial do Paraná, Fundação Cultural de Curitiba, Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná, Centro Cultural Teatro Guaíra e Caixa Cultural. Já, então, previa-se um Corredor Cultural ampliado, com 23 pontos de interesse, envolvendo parte importantes do Centro de Curitiba, alcançando, por exemplo, o Paço da Liberdade, na praça Generoso Marques.
No perímetro, além da preservação e valorização dos pontos de interesse tradicionais – entre os quais dois ícones: o prédio histórico da UFPR, outrora chamado de Palácio da Luz, e o Teatro Guaíra – seriam criados novos cenários, como teatros, cinemas, museus, cafés e incrementadas as atividades culturais.
Enquanto as discussões prosseguiam e o projeto não saia do papel, o Corredor Cultural sofreu dois baques significativos: o fechamento das livrarias Curitiba, na praça Santos Andrade esquina da rua Conselheiro Laurindo – cujas calçadas, sob marquises, foram transformadas, na gestão Gustavo Fruet, em hospedaria de moradores de rua, assim como toda praça e boa parte do centro da Capital -, e Guerreiro, mais adiante, na Quinze, cujo prédio foi demolido para ceder lugar a um mega-empreendimento.
Nem tudo, porém, foi má notícia: na esquina das ruas Quinze e General Carneiro, defronte ao prédio da Reitoria – uma das pontas do Corredor – foi implantado o Museu Guido Viaro, por iniciativa do advogado Constantino Viaro que, assim, a par de homenagear o pai, um dos mais renomados artistas plásticos paranaenses, legou à cidade uma valiosa contribuição. Isso, apesar de todas as dificuldades que encontrou junto aos órgãos públicos, principalmente na Prefeitura.
Aí, o Corredor Cultural parou no tempo, apesar do empenho e da boa vontade do reitor Zaki Akel Sobrinho, que cumpriu dois mandatos, até o final de 2016. Naturalmente, os tempos difíceis e a falta de verbas contribuíram para isso.
Agora, outra boa notícia: a Universidade Positivo anuncia a instalação de um novo câmpus no Centro de Curitiba: vai ocupar o prédio que abrigou, décadas atrás, o Colégio Santa Maria, na esquina das ruas Quinze e Conselheiro Laurindo, no vértice oposto ao que já abrigou a livraria Curitiba, vizinho do Teatro Guaíra. Ali, a UP passa a oferecer já em 2017, cinco cursos de graduação: Arquitetura e Urbanismo, Direito, Design Gráfico, Design de Interiores e Relações Internacionais, além de cursos de Pós-Graduação.
Seguramente, o novo câmpus vai concorrer para animar o Centro e alavancar o Corredor Cultural, embora esse, provavelmente, não tivesse sido o objetivo original. A UP encontrou um bom endereço já com vocação para abrigar suas atividades. Anos atrás, alguém teria sugerido ao Governo do Estado a compra do imóvel, pertencente à PUCPR, para ali instalar a Escola de Música e Belas Artes, hoje espalhada por vários imóveis alugados. O que não era má ideia. Até bem pouco, funcionou no prédio um curso chamado Próximo Passo, de preparação para concursos.
Resta esperar que o reordenamento da economia brasileira permita que outras iniciativas semelhantes contribuam para a concretização do Corredor Cultural.