Curitiba homenageia o radialista e escritor Ubiratan Lustosa

Ubiratan Lustosa: sete décadas dedicadas ao rádio/foto: Reprodução/Facebook

Entre o farto noticiário da Câmara Municipal de Curitiba que recebo diariamente, registro um que remete a uma justíssima homenagem da cidade a um de seus filhos ilustres: o radialista e escritor Ubiratan Lustosa (1929-2021), que será nome de um logradouro público da capital paranaense, por força de lei aprovada pelo legislativo, resultado de projeto do vereador Tico Kuzma. Para que a homenagem seja completa, é importante que a Prefeitura defina um local à altura do homenageado, não uma simples rua perdida num bairro qualquer.

Um dos nomes mais respeitados do rádio paranaense, e brasileiro, onde atuou por mais de sete décadas, Lustosa dirigiu, entre outras atividades, as rádios Marumby e Clube Paranaense. Convivi com ele ao meu tempo na Secretaria Municipal de Comunicação Social, em várias gestões de prefeitos. Sempre bem-humorado, inteligente, de postura íntegra, era uma presença agradável, um excelente papo. Deixou um belo legado às novas gerações do rádio.

Ao justificar sua proposição, o vereador Tico Kusma, presidente da Câmara Municipal, destacou, perante a família do homenageado presente ao ato: “Todos que estão aqui hoje rendem homenagem ao radialista e escritor Ubiratan Lustosa. Não votamos apenas um projeto de lei, nos reunimos para fazermos justiça ao nome de um homem que ajudou a dar voz, alma e poesia para a nossa cidade. O projeto de lei que apresentamos hoje tem um sentido muito claro, é um gesto de gratidão e de compromisso com a história de um radialista que soube cuidar e amar essa cidade com a sua voz”.

Lustosa (esq) durante programa de auditório/foto: acervo de família

Ubiratan Lustosa, nascido em Curitiba em 4 de dezembro de 1929, dedicou mais de sete décadas à comunicação e à produção cultural paranaense. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná, turma de 1954, ingressou no rádio ainda em 1948 e construiu uma carreira marcada pela influência e pela relevância no cenário local. Dirigiu a Rádio Marumby e a Rádio Clube Paranaense, consolidando-se como uma das vozes mais reconhecidas do rádio no Paraná.

Paralelamente ao trabalho radiofônico, Lustosa atuou como cronista, poeta, compositor e autor teatral. Publicou obras que recuperam a memória e o cotidiano curitibano, entre elas “O Rádio do Paraná – Fragmentos de Sua História”, “Raia, Setra, Sapecada e Outras Narrativas Curitibanas” e “Trilogia do Amor no Parque”. Seus livros contribuíram para a preservação de tradições e narrativas locais, reforçando sua atuação como agente da identidade cultural da cidade.

Um dos livros fala do rádio paranaense/foto: Reprodução

Na música, assinou a letra do hino “Curitiba Cidade Sorriso”, composto em parceria com o maestro Radamés Gnattali, e teve composições interpretadas por nomes consagrados da música brasileira. A presença de sua obra no repertório nacional ampliou o alcance de sua produção artística. Mesmo com a longa trajetória, Lustosa não deixou de experimentar novas linguagens.

Aos 92 anos, lançou uma coleção de 12 trovas em formato NFT (Token Não Fungível), tornando-se um dos primeiros artistas da terceira idade a usar esse recurso no Brasil. A iniciativa destacou sua disposição em dialogar com a tecnologia e manter viva sua produção criativa. Seu trabalho foi reconhecido por instituições culturais do estado, como o Centro de Letras do Paraná, a União Brasileira de Trovadores – Seção Curitiba e o Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. As homenagens recebidas ao longo da vida reforçam o impacto de sua contribuição para a arte, a comunicação e a memória cultural do Paraná.

(Com informações da Câmara Municipal de Curitiba)

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