Curitiba, um destino inteligente

Reprodução do artigo publicado há quase três décadas

Não sou de falar de mim em meus escritos. Mas vou abrir uma exceção, aproveitando o momento em que Curitiba ostenta o título de “Cidade mais inteligente do mundo”, merecendo o World Smart City Awards 2023, em evento realizado em Barcelona, na Espanha, promovido por uma entidade privada.

Em outubro de 1996, publiquei, a convite, um artigo na revista “AgenteUrgente” da Abav Paraná, seccional da Associação Brasileira de Agências de Viagens. Na época, eu era diretor do Departamento de Turismo da cidade, um ancestral do atual Instituto Municipal de Turismo.

O título: “Curitiba, um destino inteligente”. O texto:

A maior atração turística de Curitiba é a própria cidade como um todo. Isso resulta de um cuidadoso planejamento e do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos 25 anos. Um grande salto em termos turísticos foi dado pelas gestões de Jaime Lerner e de Rafael Greca na Prefeitura, quando a cidade foi contemplada com exemplares arquitetônicos – como Ópera de Arame, Jardim Botânico, Rua 24 Horas, Faróis do Saber, Ruas da Cidadania, os grandes parques, os memoriais de imigração, o próprio sistema de transporte, entre outros -, cuja importância ultrapassou sua finalidade específica, passando a se constituir num considerável acervo turístico admirado por gentes de todo o mundo.

“Curitiba deixou de ser um mero ponto de passagem para se transformar em atraente destino turístico. Conta hoje com uma rede hoteleira de qualidade – além de ser a quarta do país em número de hotéis – e trabalha para se aperfeiçoar em termos de informação ao turista. Vejo o futuro turístico de Curitiba com muito otimismo. Afinal, se a cidade soube se impor em vários setores ao longo das últimas duas décadas, saberá também ser competente nesse importante segmento. Curitiba é um destino de gente inteligente e de bom gosto”. Fim do artigo.

Segundo o noticiário da Prefeitura, em novembro de 2023, Curitiba venceu as cinco concorrentes finalistas ao título de “mais inteligente” – Barranquilla (Colômbia), Cascais (Portugal), Izmir (Turquia), Makati (Filipinas) e Sunderland (Reino Unido) – “pelas políticas públicas, ações e programas de planejamento urbano voltados ao crescimento socioeconômico e à sustentabilidade ambiental”.

Mas não pode dormir sobre os louros. Curitiba é inteligente, por exemplo, no sistema de ônibus expresso, mas não o é nas demais linhas do transporte coletivo, que deixam a desejar. Curitiba não é inteligente no sistema de trânsito: para-se em quase todas as esquinas, com o semáforo fechado; o tempo do sinal aberto contínuo já vai longe. Mas é muito – muito! – inteligente na tecnologia de aplicação de multas.

Até na questão ambiental, o “Lixo que não é lixo’ está defasado e precisa ser revisto, pelo menos em termos de comunicação com a população. E Curitiba não tem nenhum banheiro autolimpante, como outras cidades assim não tão inteligentes. Aliás, nem sanitários públicos tem. Para ficar apenas nisso.

Descontando os defeitos – e entendo que nem sempre é possível ser a campeã em todas as frentes – considero que, como escrevi há quase 30 anos, Curitiba é – sempre foi, pelo menos a partir dos anos 1970 – um destino inteligente ao turista.

Análoga ou digital.

 

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