Linha Turismo, 30 anos revelando Curitiba

Linha Turismo: roteiro hoje é feito com modernos ônibus de dois andares/foto SMCS/Prefeitura de Curitiba

Nesta terça-feira 9 de julho, faz exatos 30 anos que começou a operar a Linha Turismo de Curitiba, com a viagem da primeira jardineira – eram quatro na frota inicial – partindo diante da Catedral-Basílica de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, na praça Tiradentes, numa ensolarada tarde de sábado de 1994, na presença do prefeito Rafael Greca, então em sua primeira gestão, e do ex-prefeito Jaime Lerner.

As jardineiras, pioneiras do serviço, ainda atuam como reserva

As jardineiras, com suas amplas janelas, tinham a carroceria fabricada artesanalmente por uma empresa de Colombo, na região metropolitana de Curitiba, já que as grandes do ramo não aceitaram encomenda tão pequena. E eram montadas sobre chassis de ônibus usados.

Anos antes, na terceira gestão de Jaime Lerner, haviam sido criadas as linhas Pró-Parque, que conduziam às grandes áreas verdes da cidade e ao zoológico. Greca, alguns meses após se instalar no gabinete principal do Palácio 29 de Março, em janeiro de 1993, idealizou consolidar essas linhas num grande itinerário que contemplasse os novos ícones da paisagem curitibana.

Na época, eu era diretor de Turismo da cidade e fui encarregado pelo prefeito de coordenar a formatação do percurso. Nossa equipe era pequena, mas decidida e, aos poucos, foi desenhando no mapa de Curitiba os primeiros esboços do que seria o roteiro definitivo. Caberia à Urbs a operação, delegada a uma das empresas do transporte urbano. O desenho das jardineiras foi encomendado ao escritório do arquiteto Manoel Coelho, autor, então, da nova programação visual da cidade e de muitos outros projetos de importância.

Mas a Linha Turismo não teria razão de existir se não fosse pela existência dos inúmeros, novos e atraentes cenários da capital paranaense, obras múltiplas do arquiteto Jaime Lerner, que em suas três gestões como prefeito instituiu uma verdadeira revolução urbana na cidade, a contar de 1971, balizando o que ocorreria dali para o futuro.

E as jardineiras conduziam os turistas, e os moradores da cidade, por atrações criadas nas gestões Lerner, como Rua 24 Horas, Teatro Paiol, Jardim Botânico, Bosque do Papa, parques São Lourenço e Barigui, Ópera de Arame/Pedreira Paulo Leminski, Bosque Gutierrez/Memorial Chico Mendes, Universidade Livre do Meio Ambiente. Todas somadas a outros pontos de interesse tradicionais como o Passeio Público, a Torre Mercês (que, embora construída pela antiga Telepar – hoje pertence à OI – tinha e tem a visitação administrada pela Prefeitura), Teatro Guaira, Universidade Federal do Paraná, Ruínas de São Francisco/Setor Histórico. E mais os parques Tingui, com o Memorial Ucraniano, e Tanguá, criados por Greca.

Lerner legou, ainda, ao cenário turístico de Curitiba, lugares como o calçadão da 15 de Novembro/Rua das Flores, os parques da Barreirinha e Passaúna, entre vários outros de menor porte e, como governador, o Museu Oscar Niemeyer, imponente na paisagem do Centro Cívico.

E ainda não mereceu uma homenagem à altura de sua dimensão como urbanista e administrador.

Jaime Lerner costumava repetir o mote de que uma cidade só é boa para o turista se, primeiro, for boa para seus habitantes. E com suas obras, seu planejamento, sua visão de futuro, consolidou, e valorizou, a presença de Curitiba no mapa-mundi.

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