Empresa que era o símbolo brasileiro dentro do universo da aviação mundial, a Varig foi do estrelato – sem trocadilhos com a estrela que simbolizava a companha – à falência. Neste triste fim, ela levou consigo sonhos, histórias e pessoas que dedicaram a vida pela aviação.
Com mais força e também simbolismo que outros funcionários, as comissárias de bordo foram as mais impactadas e, sem uma oferta de empregos em sua área à disposição, viram a classe que fora tão cultuada por muitos sofrer uma verdadeira parada cardíaca.
Ao analisar essas circunstâncias, entre as quais a de sua tia Claudia Alves, a doutora em Antropologia Carolina Castellitti escreveu sua tese de doutorado que foi a base para o lançamento de “Anfitriãs do Céu: Carreira, Crise e Desilusão a bordo da Varig” (Editora Telha).
O livro traz recortes da sociedade através de depoimentos de mulheres que optaram por fugir do formato de família tradicional (para elas, mãe e esposa) para criarem seus próprios “modelos” de família e histórias de vida.
As conhecidas “aeromoças” viajavam pelos cinco continentes, conheciam pessoas de diferentes nacionalidades e culturas, podiam acordar em um fuso horário e irem dormir em outro, enfim. Gozavam do requinte que seu trabalho lhes garantia. Era um sem número de oportunidades batendo à sua porta a cada jornada de trabalho.
“Anfitriãs do Céu: Carreira, Crise e Desilusão a bordo da Varig” trabalha de forma contundente em três pilares: a origem social da aeromoça e a trajetória social por elas percorrida até a escolha pela vida regada a jet lag e liberdade; a formação de carreira de uma comissária considerando-se as exigências de disciplina, hierarquia, etiqueta e refinamento que o posto exige; e, por fim, a reconstituição da reprodução social após o declínio da profissão juntamente com a companhia aérea símbolo do nosso país.
Carolina Castellitti é doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nascida na cidade de Santa Fé, Argentina, graduou-se em sociologia na Universidad Nacional del Litoral. Depois de um intercâmbio de um semestre na Universidade Estadual de Campinas, em 2008, foi para o Rio de Janeiro cursar o mestrado em 2012. Foi consultora, atleta e professora, e hoje é bolsista de Pós-doutorado “Nota 10” da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
(Fonte: Aspas e Vírgulas)