Luiz Renato Ribas Silva (1933-2024): um pioneiro

Luiz Renato (em pé) ao lado do jornalista Aramis Millarch, que também morreu num mês de julho

Luiz Renato Ribas Silva foi sempre um pioneiro. Em vários segmentos. Nos anos 1960, por exemplo, quando a TV no Paraná dava os primeiros passos, depois da fundação da TV Paranaense/Canal 12 pelo visionário Nagib Chede, logo seguida da TV Paraná, da cadeia Associada de Assis Chateaubriand, ele teve a ousadia de criar uma revista para divulgar a programação dos canais: a TV Programas. A revista, de pequeno tamanho, semanal, chegou a ter 23 mil assinantes. A história da publicação foi contada por ele e por Célio Heitor Guimarães, no livro “A Pequena Notável”.

No final dos anos 1980, ele trouxe o primeiro aparelho de fax ao Paraná. Era, então, chamado de fac-símile. E inaugurou uma nova era de comunicação, beneficiando, notadamente, as agências de publicidade, que mandavam montar em São Paulo as páginas de ofertas de lojas importantes como Hermes Macedo, Prosdócimo, Tarobá, que passaram a ser conferidas e editadas com maior rapidez; antes, dependiam de viagens de mensageiros. Fui testemunha, ao lado do jornalista Jaime Lechinski, de uma das primeiras emissões de fax, na gráfica Digital. O papel saindo impresso, como mágica, do aparelho.

Em sua gráfica, ele foi também pioneiro na utilização de composers, máquinas de composição de textos. Outro avanço.

Nascido em Ponta Grossa, diplomado pela Faculdade de Direito de Curitiba, jornalista de qualidade antes da criação dos cursos de Jornalismo no Paraná, Ribas começou na crônica de turfe nos anos 1950, primeiro no jornal A Tarde, depois como narrador, imprimindo velocidade à descrição dos páreos, e, mais tarde, como colunista especializado no Diário do Paraná. Herdou a paixão pelos cavalos de seu pai, Domingos Ribas Silva, que representava um haras. Criou, com alguns amigos, a Revista do Turfe, também pioneira. No ambiente turfístico, sua trajetória foi bastante rica. Pela Rádio Colombo, fez a primeira transmissão interestadual de turfe no Brasil. E também foi proprietário de uma agência de apostas credenciada, a Cavalus, primeira a trabalhar com o sistema via satélite. Mais pioneirismo.

Ribas e Renato Mazâneck, parceiros no Memórias do Paraná

Além da TV Programas, Luiz Renato Ribas Silva criou a “Directa” para registrar o trabalho de profissionais, agências de publicidade, veículos e fornecedores; e o Guiatur, com informações turísticas de Curitiba e do Paraná.

Quando o cinema passou a dividir o telão com a telinha, com o advento dos filmes em vídeo-cassete, ele fundou, em 1980, a Associação Tape Clube do Paraná, que originou o Tape Clube, de locação de filmes, depois batizado de Video 1.

Tempos depois, com o advento do CD, em meados dos anos 1980, então chamado de “som do terceiro milênio”, fundou o Disk Laser Clube, de locação dos “compact discs”, então “para os privilegiados possuidores de equipamento a laser”. Na época, em entrevista a este jornalista, para o semanário “Curitiba Shopping”, destacou: “Assim como o videocassete aposentou o Super 8, o disco laser também está fadado a substituir o LP comum”. E já devia imaginar quanta coisa nova apareceria desde então em alta velocidade.

Ribas também criou o projeto “Memória do Paraná”, gravando no estúdio situado no porão do Video 1, na rua Padre Anchieta, em Curitiba, dezenas de depoimentos de políticos, empresários, jornalistas, publicitários, pessoas de destaque na vida paranaense. A coletânea de depoimentos deu origem, depois, à coleção impressa “Quem é você?”. O acervo é altamente valioso ao trabalho de pesquisadores. Nas gravações, teve a parceria de outro grande nome da publicidade do Paraná: Renato Mazâneck. Parceiros de Ribas, entre outros, também foram Célio Heitor Guimarães, nas publicações; Hermes Astor Soethe na gráfica Digital; e José Kalkebrenner Filho, com quem instituiu o jantar anual dos profissionais que atuaram no “Diário do Paraná”.

Em sua vida profissional foi também funcionário da Receita Federal.

Luiz Renato Ribas Silva morreu na madrugada desta sexta-feira 19 de julho, aos 91 anos. Era viúvo de Regina Pinheiro Machado, com quem teve dois filhos: Luciana e Luiz Fernando.

Sua vida está contada em fotos em uma publicação que ele produziu, à qual, com bom humor, chamou de “Obituário”.

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