
As ostras do Cabaraquara, produzidas na localidade de mesmo nome em Guaratuba, no Litoral do Paraná, receberam nesta terça-feira 28 o reconhecimento como Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Com isso, o Paraná passa a somar 22 registros, assumindo a liderança nacional em número de produtos certificados, à frente de Minas Gerais, que possui 21.
A Indicação Geográfica é concedida a produtos ou serviços de uma região que apresentem características únicas e diferenciadas, relacionadas ao seu território, tradição e modo de produção. Mais do que um selo de origem, ela representa a identidade e o valor histórico e cultural de comunidades inteiras.
No caso das ostras do Cabaraquara, além do sabor leve e adocicado, o processo artesanal e as condições naturais da Baía de Guaratuba foram determinantes para o reconhecimento.

Embora o Paraná esteja à frente no cenário nacional, o número de IGs brasileiras ainda é modesto: são menos de 150 no país, contra mais de 3 mil na Europa. Dentre as principais dificuldades estão a falta de incentivo e conhecimento sobre o tema. “Muitas vezes, os produtos tipicamente brasileiros não são conhecidos nem mesmo pela população local, e isso é uma grande lástima. Por trás de cada indicação geográfica há muita história, pesquisa e um valor agregado incrível que precisa ser mostrado. O tema ainda está engatinhando no Brasil, mas estamos trabalhando firme para reverter esse cenário”, comenta o cozinheiro e especialista em IG’s Rui Morschel.
Morschel começou a estudar o tema em 2020 e, no ano seguinte, lançou a websérie “Origens do Meu Paraná”, que já soma três temporadas e tem como foco gerar impacto direto nas comunidades produtoras. Segundo ele, em alguns casos, os produtos chegaram a aumentar em até 300% o valor de venda após conquistarem visibilidade.
Atualmente, o especialista acaba de lançar a websérie “Contém BR”, com dez episódios que apresentam curiosidades e histórias de produtos reconhecidos com IG’s em todo o país — como o Guaraná de Maués (AM) e a erva-mate de São Mateus (PR). A produção é fruto de uma parceria com a Associação Brasileira de Indicações Geográficas (Abrig) e tem novos episódios publicados toda quarta-feira nas redes do cozinheiro.
“Cada nova indicação geográfica é um passo importante na valorização do que o Brasil tem de mais genuíno. Quando olhamos para esses produtos, estamos olhando para pessoas, famílias e territórios que sustentam nossa cultura. Por isso, celebrar as ostras do Cabaraquara é também celebrar o orgulho de ser paranaense”, afirma Morschel.
As IG’s do Paraná
Além das ostras do Cabaraquara, as outras Indicações Geográficas já concedidas ao Paraná são: as broas de centeio de Curitiba; a cracóvia de Prudentópolis; a carne de onça de Curitiba; o café de Mandaguari; o urucum de Paranacity; o queijo colonial do Sudoeste do Paraná; mel de Ortigueira; queijos coloniais de Witmarsum; cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; bala de banana de Antonina; erva-mate de São Mateus; camomila de Mandirituba; uvas finas de Marialva. Há ainda o mel de melato da bracatinga do Planalto Sul do Brasil, Indicação Geográfica concedida a Santa Catarina que envolve municípios do Paraná e do Rio Grande do Sul.
Somente neste ano, oito novos produtos típicos paranaenses foram reconhecidos como IG: a ponkan de Cerro Azul, as broas de centeio de Curitiba, a cracóvia de Prudentópolis, a carne de onça de Curitiba, o café de Mandaguari, o urucum de Paranacity e o queijo colonial do Sudoeste do Paraná.
Além disso, recentemente também foi protocolada no INPI a solicitação para o reconhecimento da acerola produzida no município de Pérola, no Noroeste do Estado. O pedido foi feito em setembro pela Cooperativa Agrícola dos Fruticultores de Pérola (Frutipérola). “E ainda temos outros oito produtos do Estado em análise no INPI, então devemos ter notícias positivas neste sentido muito em breve”, comemora Morschel. Os produtos que aguardam a análise são: mel de Prudentópolis; caprinos e ovinos da Cantuquiriguaçu; ginseng de Querência do Norte; tortas de Carambeí; pão no bafo de Palmeira; cervejas artesanais de Guarapuava; café da serra de Apucarana; e mel de Capanema.
(Fonte: No Ar Comunicação)
