
Um imóvel que, em tempos idos, abrigou uma ferraria e, em épocas mais recentes, uma agência dos Correios e depois um atelier de artes plásticas – o escultor Ricardo Tod (1963-2005) ali exerceu o seu ofício – agora é local de movimentados eventos, que periodicamente ocupam o piso superior do lugar – 110 m² de área e pé direito de oito, comportando de 60 a 100 pessoas, conforme o formato, com a marca 179 EVNTS.
E é neste cenário histórico – que, no piso térreo, reúne uma série de atividades, como restaurante, cafeteria, chocolateria e fotografia – que o vinho brasileiro é – pelo menos a cada mês e meio – o assunto principal. Em um talk show onde profissionais da área debatem a importância da bebida, sua consolidação no mercado e o futuro do produto, que começa a direcionar seu foco para o público jovem, favorecido pelo surgimento mais recente de bares especializados.

Chamado de Papo Brazuca, o evento teve na noite da quinta-feira 15 sua segunda edição, com a conversa sendo conduzida pelo jornalista e sommelier Rodrigo Roza, da Vinheria Itinerante, com a participação do empresário Mário Nicolau, do Tijolo Comidas e Vinhos e do espaço São Francisco 179 (SFCO 179 para ser mais exato) – nome e número da rua onde fica -, promotores do evento.
E também do enólogo e proprietário da vinícola gaúcha Belmonte Felipe Pertile e da sommelier e também diretora Paula Pessutto; de João Trautmann, sommelier da Vinícola Franco-Italiano, de Colombo (PR); do inglês radicado em Curitiba Paul Tudgay, da Rootstock Vinhos; e de Wagner Gabardo, executivo da Vinopar (Associação dos Viticultores do Paraná), entidade que reúne 25 vinícolas,
Rodrigo Roza definiu o objetivo do projeto em poucas palavras: influenciar enófilos e provar bons vinhos brasileiros.
Ao mesmo tempo em que as taças eram abastecidas com exemplares de vinhos brasileiros – harmonizados com um menu-degustação da cozinha também brasileira – dadinhos de peixe, bolinhos de feijoada, arroz caldoso de rabada com tucupi e barreado -, preparos da chef Lívia Santin, da Tijolo, – a conversa revelou que o consumo per capita de vinho no Brasil está crescendo. Passou de 1,8 litro per capita em 2019 para 2,71 litros em 2022 e que o país é o único no mundo que colhe uva o ano inteiro, do extremo-sul ao nordeste. O Brasil é responsável por 15% da produção global. Naturalmente, um argumento a mais para o brasileiro beber vinho brasileiro, que ainda se ressente de um certo preconceito, da falta de informação e de investimentos e dos altos tributos.
Distribuídas pelo território estão cerca de 1.200 vinícolas, 90% das quais de pequeno e médio porte; desse total, 60% estão no Rio Grande do Sul, 30% nos estados do Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo e 10% nos demais estados.

A degustação do Papo Brazuca abriu com o espumante Abreu Garcia Merlot Brut Rosé, da Serra Catarinense, com a Indicação Geográfica de Vinhos de Altitude; elaborado pelo método tradicional, teor alcoólico de 12,8%.
Seguiu com outro espumante – Differenziato Nature Rosé, 100% uva Gamay, 12,5 de teor alcoólico, microlote de 600 garrafas numeradas. E o branco Augguro Riesling Reserva, teor alcoólico 11%, medalha de ouro no Wines of Brasil, microlote de 500 garrafas, ambos da vinícola gaúcha Belmonte. Também da Belmonte, foi servido o Augguro Pinot Noir Reserva, 12,5% de teor alcoólico, 700 garrafas.
Nas etapas seguintes, nas taças: o tinto Vezzi per Boschi Temisto Merlot, 13,3% de teor alcoólico, do produtor Máximo Boschi, da Serra Gaúcha; e dois da Vinícola Franco-Italiano, paranaense de Colombo, região metropolitana de Curitiba: Rodolpho Cabernet Franc, 14% de teor alcoólico, 18 meses em barricas francesas, produzido com uvas de Pinheiro Machado (RS); e o Censuratto Cabernet Sauvignon, 13% de teor alcoólico, uvas de Dois Lajeados (RS), 18 meses em carvalho francês e italiano.
Para os próximos eventos, os interessados em participar podem reservar os ingressos pelo WhatsApp da Tijolo: 41.98871-0497. As vagas são limitadas.