
A conquista do registro de Indicação Geográfica (IG) de Curitiba, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) à Carne de Onça, petisco símbolo da capital paranaense, será comemorada na noite desta quarta-feira 4, no Memorial de Curitiba (r. Claudino dos Santos, 79, São Francisco), a partir das 19h, em evento promovido pela Associação dos Amigos da Onça (Onça).
A ideia é celebrar não só a Indicação Geográfica, mas todo o caminho coletivo que deu visibilidade e reconhecimento ao prato. A cerimônia também marca outra conquista importante: a Carne de Onça de Curitiba foi reconhecida, também em maio, como Patrimônio Cultural Imaterial do Paraná, fortalecendo ainda mais seu vínculo com a identidade paranaense.
O evento conta com o apoio da Fundação Cultural de Curitiba, Prefeitura de Curitiba, Sebrae e Maniacs.
A solicitação da IG foi apresentada pela Associação dos Amigos da Onça, que atua na valorização da Carne de Onça e na preservação de suas raízes. O processo envolveu o trabalho conjunto com o Sebrae/PR, numa parceria iniciada em janeiro de 2023.

Para o presidente da associação, o empresário Sérgio Medeiros, da Curitiba Honesta, o selo é uma ferramenta de proteção e pertencimento: “A IG é fortalece identidades culturais e impulsiona a economia e turismo”, afirma. Ele lembra a importância de preservar a receita original do prato, para manter a memória e a cultura local”.
Medeiros destaca ainda que a IG apenas confirma uma história já consolidada: “Ninguém cria uma IG. Ela já existe. No caso da Carne de Onça, desde os anos 40”.
Diferente de preparações como o Hackepeter alemão ou o Steak tartare francês, a força da receita curitibana está na simplicidade. A que foi aprovada pelo INPI para a Indicação Geográfica da Carne de Onça de Curitiba leva poucos ingredientes: apenas carne bovina crua e fresca, broa de centeio, sal, pimenta do reino, cebola branca, cebolinha verde e azeite de oliva.
Justamente por isso, ela pode ser feita nos bares mais simples da cidade, o que contribuiu para sua popularização e presença constante na cultura de boteco local.
Os bares e restaurantes que quiserem utilizar o selo oficial da Carne de Onça de Curitiba terão que seguir essa receita e se filiar à Associação dos Amigos da Onça. “Cada associado terá o compromisso de preservar a receita original. Quem quiser servir de forma diferente, não vai poder chamar o prato de Carne de Onça de Curitiba”, explica Sérgio Medeiros.
Segundo Sérgio Medeiros, que fez toda a pesquisa para que a Carne de Onça recebesse o selo de Patrimônio Cultural Imaterial de Curitiba em 2016, a origem do prato remonta aos anos 1940 e se entrelaça com o futebol. Na época, Cristiano Schmidt, diretor do clube Britânia e proprietário do bar Toca do Tatu, oferecia aos jogadores carne crua com os mesmos ingredientes da receita atual. O nome “Carne de Onça” teria surgido após uma brincadeira do goleiro Duia: “Você só serve essa carne aí, que nem onça come”. A frase pegou — e o prato se espalhou pelos bares da cidade, até se tornar o clássico que é hoje.
RECEITA OFICIAL
Carne de Onça de Curitiba
Por Sérgio Medeiros, presidente da Aonça
Ingredientes
80 g de patinho moído e bem fresco (ou outra carne bovina magra)
3 colheres de sopa de cebola branca picada
3 colheres de cebolinha verde picada
1 fatia de broa de centeio
Sal e pimenta do reino à gosto
Azeite de oliva à gosto
Modo de fazer:
Espalhe a carne moída sobre a broa. Por cima, coloque a cebola picada. Acrescente a cebolinha verde. Tempere com sal e pimenta do reino. Finalize com um fio de azeite de oliva. Servir imediatamente
A receita aprovada pelo INPI prevê também que a carne pode ser temperada (com os mesmos ingredientes) antes de ser colocada sobre a broa. Ou a carne temperada e a broa podem ser servidos separadamente.