A livraria do sobrado

Livraria do Brooklin: novo exemplar de loja independente/foto: Miguel Salvatore

Em tempos de pandemia e de dias difíceis para a cultura, a começar pelo desprezo de órgãos de governo que deveriam incentivar o segmento, uma boa notícia: a cidade de São Paulo ganhou no sábado 6/11 uma livraria de rua, a Livraria do Brooklin (r. Hollywood, 275), na zona sul paulistana. A nova casa reforça a tendência do mercado livreiro de crescimento com lojas independentes.

O empreendimento é da jornalista e historiadora Victória Mantoan, que explica a iniciativa: “Eu sempre gostei da experiência de ir até uma livraria, ficar horas escolhendo minha próxima leitura e ser surpreendida por um título de que nunca ouvi falar graças a uma curadoria bacana. Depois que me mudei para o Brooklin, tive dificuldade de manter essa rotina, precisava visitar os bairros vizinhos. Foi então que surgiu a ideia de trazer um espaço assim para cá”.

O novo cenário dos livros é um sobrado recém-reformado, onde a ideia é “oferecer uma experiência completa, que permita ao cliente encontrar sua próxima leitura, trocar ideias com os livreiros do espaço e tomar um café, cerveja ou vinho”. A cafeteria está situada nos fundos da loja.

A Livraria do Brooklin possui cerca de dois mil títulos selecionados a dedo por Victória e pelas livreiras da casa. São poucos os volumes de cada título disponível – a casa não trabalha com consignação, apostando em livros selecionados. A curadoria não vai focar em mais vendidos ou apenas em lançamentos, mas sim privilegiar gêneros e autores com os quais a equipe tem maior afinidade.

Logo na entrada da livraria, o cliente se depara com uma seção com indicações realizadas pela equipe, que mesclam volumes de gêneros e origens diferentes. No primeiro andar, as obras estão dispostas de acordo com uma classificação própria da livraria. Para além de “literatura nacional” e “literatura estrangeira”, há uma divisão por região, com prateleiras dedicadas a livros africanos, asiáticos, portugueses ou russos. Há ainda autores e coleções que são considerados um gênero próprio. As obras de Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, estão juntas, sem separação por prosa ou poesia. Já no segundo andar, ficam as obras infantis, infanto-juvenis, de fantasia e não ficção.

Por toda a livraria, há espaços que convidam os leitores a se sentar e descobrir os livros com calma. A fachada também é uma atração à parte, com um mural da artista Pati Prado, que traduziu em imagens trechos de livros indicados por Victoria. Entre eles, A Trégua, mais famoso romance de Mario Benedetti, e Barba ensopada de sangue, de Daniel Galera.

A Livraria do Brooklin também aposta no atendimento via redes sociais e WhatsApp.

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