Aramis, o único

Aramis (sentado), ao lado de seu amigo, o também jornalista e empresário Luiz Renato Ribas Silva

Aramis Millarch, jornalista, nasceu num 12 de julho. Morreu num 13 de julho. De 1992. Um dia depois de completar apenas 49 anos. Morreu como desejava: debruçado sobre sua máquina de escrever, compondo mais um de seus milhares de artigos que povoam até hoje páginas de jornais e de revistas. O coração o traiu.

Aramis foi um personagem importante de Curitiba. E está a merecer, ainda, o reconhecimento da cidade.

Apesar disso, da ingratidão dos poderes ditos públicos, Aramis Milarch continua vivo entre nós: basta dar um Google. Ao se buscar um assunto relativo ao cotidiano de Curitiba e de seus personagens, à música popular brasileira, ao cinema, enfim, às artes, lá está o Aramis a nos contemplar com suas informações importantes – uma verdadeira enciclopédia a balizar pesquisas.

Paranaense de Curitiba, filho de Eugênio Eduardo Millarch e de Josefina Faria Milarch, Aramis passou sua infância em São José dos Pinhais, onde, aos 14 anos, despertou sua vocação para o jornalismo, como colaborador da Tribuna de São José.

Mais tarde, a carreira profissional de Aramis Millarch foi cumprida em importantes veículos. Um deles, O Estado do Paraná, onde começou aos 16 anos e teve presença marcante ao longo de quase 30 anos, com a coluna “Tablóide”, diária, e nas páginas dominicais, com o próprio nome ou pseudônimos criativos, entre os quais J. Lyra de Morais – Jota de João Gilberto, Lyra, de Carlinhos Lyra, e Morais, do poeta Vinicius, seus grandes amigos.

Trabalhou também no jornal Última Hora, na revista Manchete, na rádio Ouro Verde, onde produziu o inesquecível programa “Domingo sem futebol”, entre vários outros.

No serviço público, atuou na assessoria do antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, atual DNIT), na Fundação Teatro Guaíra, foi diretor do Departamento de Relações Públicas da Prefeitura de Curitiba e diretor executivo da Fundação Cultural de Curitiba, que praticamente nasceu em sua sala no Palácio 29 de Março, no Centro Cívico.

Para a inauguração do Teatro do Paiol, marco da transformação cultural de Curitiba, na primeira gestão do prefeito Jaime Lerner, trouxe Vinicius de Morais, Toquinho e Marília Medalha. Foi também fundador e primeiro presidente da Associação dos Pesquisadores da Música Popular Brasileira.

Aramis possuía um acervo de mais de 30 mil discos, cinco mil livros e de mais de 50 mil artigos assinados. Foi amigo e conviveu com os mais importantes nomes da MPB.

Casado com a bibliotecária Marilene Zicarelli Millarch, deixou um filho, Francisco, hoje empresário de sucesso.

Dizem que ninguém é insubstituível. Mas nesses 26 anos de ausência, Aramis continua o único. Ninguém superou seus feitos.

 

 

 

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