Café do Brasil, 12 indicações geográficas

O Brasil conquistou mais uma Indicação Geográfica cafeeira. Desta vez, o estado do Espírito Santo, maior produtor de café Conilon do Brasil, foi reconhecido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) como indicação de procedência. Essa é a 12ª indicação geográfica de café alcançada pelo país, que é o maior produtor de café do mundo e o segundo maior consumidor do grão, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Somente em 2020, o Brasil produziu 63,1 milhões de sacas, o equivalente a 3,7 toneladas de café, incluindo o arábica e o Conilon.

As exportações de café também apresentam números animadores. No 1º trimestre deste ano, mais de 11 milhões de sacas foram embarcadas. De acordo com o Conselho de Exportadores de Café (Cecafe), o crescimento é de 10,4% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Os cafés que possuem indicação geográfica impulsionam o mercado de exportação: cerca de 14% de todo o café internacionalizado no trimestre possui registro de denominação de origem ou indicação de procedência. A analista de competitividade do Sebrae Carmen Sousa explica que os números são resultados de esforços de toda a cadeia produtiva cafeeira, assim como o de instituições que apoiam as indicações geográficas.

“O café é uma grande commodity brasileira, e a cada ano supera este paradigma, aumentando a produção de cafés especiais diferenciados. O reconhecimento de uma indicação geográfica traz vantagens para diversos elos da cadeia produtiva, do produtor ao consumidor, e também para a economia da região e do país. Um dos primeiros efeitos da IG é a agregação de valor ao produto e o aumento de renda ao produtor”, explica Carmen. Do ponto de vista econômico, permite o acesso a novos mercados internos e exportação; enquanto como benefícios sociais e culturais está a inserção de produtores ou de regiões desfavorecidas. Já entre as vantagens ambientais, estão a preservação da biodiversidade e dos recursos genéticos locais e a preservação do meio ambiente, promovendo a união do território, produtos e pessoas.

Em 2020, mesmo com a pandemia, o setor investiu em tecnologia e superou as expectativas com uma safra gigantesca. “Quando falamos dos cafés especiais, aqueles produzidos com padrões sensoriais e físicos com pontuação acima de 80 pontos, de acordo com padrão de qualidade da Specialty Coffee Association (SCA), em regiões com IGs, vemos um crescimento não só da produção, mas do consumo destes cafés. Isso acontece porque aumenta a procura por produtos de origem e então surgem os nichos de mercados, devido às mudanças de percepção e de comportamento destes consumidores em relação aos produtos tradicionais. Portanto, além de todas as vantagens competitivas, as indicações geográficas ainda possibilitam novas experiencias para o consumidor final”, acrescenta Carmen.

Cenário das IG

Experimentar cafés certificados, especiais, com denominações de origem, história e práticas sustentáveis, é uma tendência crescente, sobretudo porque os produtos com IG apresentam características diferenciadas que podem ser atribuídas à sua origem geográfica, resultado de fatores naturais e humanos. Atualmente, o Brasil possui 78 indicações geográficas de diversos produtos, tais como queijos, vinhos, couro, panelas de barro, camarões, cachaças, mel, biscoitos, rendas, goiaba, erva mate, entre outros. Proporcionalmente, o café é o produto que mais possui IGs registradas.

A analista de inovação do Sebrae Raquel Minas acrescenta que a instituição atua em parceria com produtores e instituições locais para incentivar a estruturação e ao fortalecimento de indicações geográficas, promovendo e protegendo as regiões produtoras. “Os benefícios de se ter uma IG reconhecida são diversos e o impacto deles varia de acordo com a região. Podemos citar o reforço do trabalho coletivo que impulsiona a produção local, o padrão de qualidade dos produtos que aumenta o valor agregado, o crescimento da visibilidade e formação da imagem da IG, a melhoria da governança – já que o registro aproxima os atores envolvidos na produção, além do incentivo ao turismo. A título de exemplo, a região do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, foi visitada por 45 mil pessoas em 2001. Já em 2016, após ter a IG concedida pelo INPI, saltou para 410 mil turistas por ano”, corrobora Raquel.

Alessandro Alves é produtor de café há 20 anos, em São Gonçalo Sapucaí, região da Mantiqueira de Minas, em Minas Gerais. O território possui indicação de procedência desde 2011, com grande parte da produção sendo direcionada para exportação. Segundo o produtor, além de dar mais credibilidade ao produto, a IG colocou o café da região em um patamar diferenciado no mercado.

“Acredito que a certificação dá aos produtos, além de todas as vantagens de valorização, uma exclusividade. Veja bem, o café da Mantiqueira de Minas é premiado, conhecido, procurado por muitas pessoas. Mas quando você possui um registro de denominação de origem é a garantia de que aquele produto possui características únicas. O nosso aroma, a nossa doçura, a nossa acidez equilibrada, a forma como manejamos o produto, tudo isso confere uma experiência única para quem experimenta”, observa Alves.

O Sebrae integra um grupo de trabalho com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ministério da Economia e o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para a criação do selo nacional de indicação geográfica. A expectativa é que a iniciativa seja lançada ainda este ano.

(Assessoria de Imprensa Sebrae)

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