Exposição resgata vida e obra de Lupicínio

A mostra ocupa 13 ambientes no Grande Hall do espaço cultural/fotos: Fábio Alt

Para quem vai a Porto Alegre, ou mora na cidade, uma das atrações em cartaz até 23 de julho é a exposição “Lupi: pode entrar que a casa é tua”, que homenageia um dos grandes nomes da música brasileira, o gaúcho Lupicínio Rodrigues. O local é o Farol Santander (r. Sete de Setembro 1028), espaço cultural que ocupa um prédio construído na década de 1930, tombado pelo patrimônio histórico e artístico estadual.

A mostra, distribuída em 13 ambientes no Grande Hall do icônico edifício -, tem a curadoria de Carlos Gerbase, a consultoria artística de Lupicínio Rodrigues Filho e apresenta um extenso acervo de fotos, vídeos e memorabília original do cantor, com diversos objetos pessoais exibidos pela primeira vez ao público.

Objetos pessoais do artista são exibidos pela primeira vez

A exposição proporciona uma aproximação à extensa obra musical do cantor e compositor, nacionalmente reconhecida. Além disso, por meio de recursos audiovisuais e cenográficos, é representada a vida boêmia da capital do Rio Grande do Sul, cuja riqueza cultural está registrada nas letras de Lupi.

Sua importância para a música popular brasileira, através de centenas de versões de grandes intérpretes, também é destacada, mostrando o alcance de sua obra e seu amplo leque de influências na carreira de outros artistas, que parte do tradicional samba-canção da década de 1930, mas chega com força na revolução tropicalista. Versões de Elza Soares, Caetano Veloso e Gilberto Gil, em vídeos originais, são atrações relevantes da mostra.

Nascido em 1914, numa família cujos ancestrais remontam ao século 18, Lupi começou a compor aos 14 anos e sua produção musical estendeu-se até sua morte, em 1974. A exposição conta os detalhes de uma vida intensa e cheia de reviravoltas, em que as incursões na boemia se alternavam com suas obrigações como chefe de família, empresário e defensor dos direitos autorais.

Grande parte das fotos, documentos e objetos que estão na exposição vem do acervo pessoal de Lupicínio Rodrigues Filho. Há também imagens do arquivo do jornalista Marcello Campos (consultor histórico da exposição) e do fotógrafo Pedro Flores. O Grêmio Porto Alegrense, time de Lupicínio e do qual o artista é autor do hino, também cedeu imagens e objetos do museu do clube.

Uma das seções da exposição reproduz um bar como holograma de Lupi

Na sala “Lupi Reinventado”, são exibidos cinco vídeos inéditos gravados ao vivo por cantoras da cena musical contemporânea gaúcha, interpretando sucessos do cantor a partir de novos arranjos de Arthur Faria, com direção de Cleverton Borges, em diferentes vertentes musicais. A rapper Cristal traz uma versão hip-hop para a canção Nunca, enquanto a cantora Denizeli Cardoso aposta no rock para executar Se acaso você chegasse. A música Vingança ganhou uma adaptação ao soul music, pela voz de Andréa Cavalheiro; já as faixas Nervos de Aço e Volta foram rearranjadas para o samba e o samba-Canção, nas vozes de Glau Barros, Pâmela Amaro e Paola Kirst. A ideia desse espaço, segundo a curadoria da mostra, é aproximar a obra de Lupi das novas gerações.

O extenso material museográfico referente ao artista, como objetos, documentos e fotos, alguns expostos pela primeira vez, ajudarão a recriar a atmosfera de Porto Alegre em meados do século 20. Os destaques:

Seção Bar: no palco de um bar, um holograma de Lupi (interpretado pelo ator Álvaro Rosa Costa) apresenta os clássicos “Nervos de aço” e “Vingança”. Nos cardápios, em cima das mesas, o visitante conhecerá os principais companheiros de vida boêmia de Lupi.

Seção Trajetória: O visitante poderá sintonizar, num rádio antigo, sete grandes sucessos do artista: 1938 – Cyro Monteiro – Se acaso você chegasse (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins); 1947 – Francisco Alves – Nervos de Aço (Lupicínio Rodrigues); 1947 – Quitandinha Serenaders – Felicidade (Lupicínio Rodrigues); 1947 – Alberto Marino – Vingança/Venganza (Lupicínio Rodrigues); 1950 – Francisco Alves – Cadeira vazia (Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves); 1950 – Francisco Alves – Maria Rosa (Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves); 1952 – Dircinha Batista – Nunca (Lupicínio Rodrigues).

Seção Vários Lupis: diversos objetos pessoais de Lupi serão exibidos, alguns pela primeira vez. Entre eles: caderneta de endereços, botinas, roupas, chapéus, gravatas, uma “guaiaca”, uma manta, um palheiro (cigarro artesanal), artigos de higiene, artigos de manicure, rádio portátil, relógios, microfone, carteira profissional, discos, documentos diversos, letras inéditas de canções nunca gravadas, troféus, placas de homenagens, bilhetes trocados e até sua caixa de fósforos (em bronze).

Uma das curiosidades entre esses itens raros é um recado de Caetano Veloso, escrito em uma “bolacha” de chopp e endereçado à dona Cerenita, esposa de Lupicínio Rodrigues.

Farol Santander, em histórico edifício no centro de Porto Alegre

Depoimentos: Maitê Leite, vice-presidente executiva Institucional do Santander Brasil: “O Santander se orgulha em apresentar a exposição ‘Lupi – pode entrar que a casa é tua’, que registra e enaltece o talento de Lupicínio Rodrigues, um dos mais brilhantes compositores e cantores gaúchos do século XX. Nesta exposição propomos ver e ouvir esse artista que rompeu fronteiras culturais, estéticas e geográficas e tornou-se um ícone para a cultura brasileira. Pode entrar que a casa é tua!”.

Carlos Gerbase, curador: “Lupi era tão popular quanto os temas de sua arte, compartilhados por milhões de pessoas, de todas as classes sociais, em todo mundo: paixão, ódio, ciúme, vingança, arrependimento. A vida e a obra de Lupi são uma coisa só, absolutamente indissociáveis, e ele se tornou o mais popular dos artistas gaúchos, em todos os tempos, porque, ao cantar suas próprias dores e amores, estava cantando o que há de mais íntimo na alma de qualquer ser humano”.

Lupicínio Rodrigues Filho: “Lembro-me bem, ainda, que nos encontros da Sbacem (Sociedade de Autores, Compositores e Escritores de Música), convivi com Luiz Gonzaga, Dorival Caymmi, Silvio Caldas, Orlando Silva, Jamelão (querido amigo) e minha madrinha Elizeth Cardoso, entre tantos outros e outras. Ora!, o pai dialogava com a nata da música popular brasileira daquele período para apresentar suas composições e, ao mesmo tempo, defender os direitos dos artistas”.

A exposição está aberta de terça-feira a sábado, das 10h às 19h; aos domingos, das 11h às 18h. Ingressos: R$ 17, em https://www.farolsantander.com.br/#/poa.

(Com informações de Marra Comunicação)

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