Observador atento do cotidiano, profundo conhecedor do ambiente artístico e cultural paranaense e brasileiro, estudioso das religiões, tema que expõe e debate com brilhantismo, dono de um texto primoroso e de uma bagagem profissional que não se cansa de ampliar aos 81 anos de idade e onde se encaixam mais de seis décadas de vida jornalística, Aroldo Murá Gomes Haygert, carinhosamente chamado de ‘professor’, contribui mais uma vez para perpetuar um acervo que conta importante parte da história do Paraná, que organizou e acumulou em seu amplo apartamento da avenida Sete de Setembro, em Curitiba.
O jornalista acaba de doar à Unespar (Universidade Estadual do Paraná) uma série de coleções encadernadas de jornais e revistas. Entre eles: Voz do Paraná e Diário Indústria e Comércio, ambos sob sua direção em etapas importantes, Correio de Notícias, Jornal Rural e revista Ideias.
E mais a coleção de 12 volumes (até agora) do livro Vozes do Paraná, importante coletânea de perfis de personalidades com presença na vida paranaense, obra de referência iniciada em 2008, à qual, anualmente, é agregado um novo exemplar.
Além disso, Aroldo Murá destinou à Universidade dossiês temáticos, constituídos a partir de vários jornais de circulação estadual e nacional, constando questões relacionadas ao mundo da política, da religião e dos esportes: Eleições 2006, Crise política 2006, Mensalão, Escândalo das Sanguessugas, Grande crise de 2008, Eleições 2018, Morte do Papa João Paulo II, Visita do Papa Bento XVI, Renúncia Papa Bento XVI, Visita Papa Francisco, Copas do Mundo da Fifa de 2006 e 2010.
O importante conjunto jornalístico será incorporado ao câmpus de Campo Mourão da Unespar, após um processo de higienização, catalogação, organização e digitalização a ser realizado pelo Grupo de Pesquisa Cultura e Relações de Poder, coordenado pelo professor doutor Frank Antônio Mezzomo.
O grupo, como informa a instituição, tem como objetivo maior desenvolver pesquisas em uma perspectiva interdisciplinar, relacionadas às relações de poder presentes nas definições culturais, sociais e econômicas, bem como organizar e promover investigações com base em acervos documentais que viabilizem a compreensão da formação da cultura e das identidades. Também busca integrar pesquisadores, alunos e colaboradores de diversas áreas do conhecimento, com intuito de estimular a reflexão e produção científica.
Para o diretor geral do câmpus de Campo Mourão, professor doutor João Marcos Borges Avelar, “a Unespar sente-se honrada por receber este material tão rico em conteúdo histórico. Certamente o Grupo de Pesquisa Cultura e Relações de Poder facilitará o acesso deste material aos estudantes, bem como à comunidade interna e externa em geral, creio que isso trará um grande avanço para as pesquisas na área”.
Gaúcho de São Francisco de Assis, filho de Manoel Haygert, de origem alemã, funcionário federal concursado do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e de dona Nandy Cáceres Gomes Haygert, de tradicional família da fronteira oeste da região da Campanha (RS), Aroldo vive no Paraná desde os oito anos de idade (1948).
Em 1967, foi morar um ano no Rio de Janeiro, convidado pelo jornal Diário de Notícias; lá, trabalhou também na revista Esso. Ao regressar, assumiu a direção do semanário católico Voz do Paraná, que transformou, junto com uma equipe de colaboradores, num vibrante órgão de debates, isso em tempos de censura decretada pelo governo militar.
Mais tarde, e durante vários anos, imprimiu nova dinâmica ao Diário Industria & Comércio do Paraná, convidado pelo empresário Odone Fortes Martins. Teve, também, rápida passagem como diretor de redação do Jornal do Estado, atual Bem Paraná. Foi, ainda, chefe da sucursal paranaense da Empresa Brasileira de Comunicação, órgão de governo que substituiu a antiga Agência Nacional.
Murá Haygert é coordenador do projeto Memória Paranaense, presidente do Instituto Ciência e Fé, integra o conselho Editorial da revista Ideias, além de manter um blog. É autor da biografia “Seu nome é João”, sobre o ex-governador João Elísio Ferraz de Campos. E de “Encontros do Araguaia – Construtores do Paraná no Século 20”, coletânea de depoimentos de lideranças paranaenses, ainda sem previsão de lançamento.