Maior planície tropical alagável do mundo, o Pantanal reúne belezas naturais únicas. O bioma é um destino imperdível para quem deseja se conectar com o meio-ambiente em uma região diversa. A atividade turística na região reserva inúmeras possibilidades, entre elas a de se integrar ao bioma a partir de uma relação sustentável com a natureza. O turismo ecológico, ou ecoturismo, – sempre alinhado à conservação e à educação ambiental – encontra inúmeras opções no Pantanal e tem papel importante na superação da tragédia ambiental causada pelas queimadas.
A formação de uma consciência ambientalista por meio da experiência voltada ao bem-estar das populações locais e ao respeito à natureza é a base desse segmento da atividade turística. Mônica Guimarães, à frente do Documenta Pantanal, considera o ecoturismo um aliado da conservação. “Você só preserva o que conhece e pelo que se apaixona. Colocar o pé no Pantanal é sempre uma experiência emocionante”, afirma a coordenadora da iniciativa que busca chamar atenção à necessidade de conservar o Pantanal dando destaque a sua beleza e fragilidade.
Pioneiro do ecoturismo na região, o Refúgio Ecológico Caiman, fundado há 30 anos em Miranda, no Mato Grosso, busca levar aos visitantes uma imersão ao bioma junto ao cuidado com o meio-ambiente. O local faz parte da iniciativa Documenta Pantanal, uma rede que integra dezenas de pessoas, organizações e empresas que atuam em prol do Pantanal, apoiando diversas ações que ajudam a aumentar a consciência da importância da conservação do bioma para as pessoas.
Roberto Klabin, sócio do Refúgio Ecológico Caiman, conta sobre as possibilidades do ecossistema pantaneiro para o turismo ecológico: “O turismo de observação da vida selvagem, o turismo rural, de voluntariado em projetos de restauração ambiental, a reconexão com a natureza. Todas essas modalidades encontram no Pantanal um destino certo e seguro.”
O guia Ailton Lara administra a pousada Pantanal Jaguar Camp, em Poconé, Mato Grosso, e a agência de turismo Pantanal Nature, situada em Cuiabá. A estrutura da pousada, que tem como atividade destaque o passeio para observação de onças pintadas, é licenciada pela Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso.
Ailton destaca o potencial do turismo contemplativo no Pantanal, por meio de safáris, caminhadas e passeios de barcos, e tem objetivos bem definidos com sua atividade: “É um trabalho em prol da biodiversidade, geramos mais conhecimento em história natural pensando nas presentes e futuras gerações. Fazemos turismo para o amanhã”.
Diferenciais do bioma
Robert Betenson acredita que o que torna o Pantanal um destino diferenciado no Brasil e na América Latina é a cultura do pantaneiro. “O modo acolhedor do pantaneiro é um diferencial marcante”, diz. Robert fundou a produtora de viagens personalizadas Matueté em 2002 e, de lá para cá, a jornada de seu estabelecimento teve como principal objetivo promover e conservar o Pantanal por meio da sensibilização dos visitantes, mas sem deixar de lado a sustentabilidade social, aspecto importante para o turismo ecológico. “A geração de renda localizada é um incentivo muito importante para evitar a devastação do bioma e de sua cultura”, complementa.
A relação dos habitantes do Pantanal e de quem visita com o seu ecossistema também é apontada como um dos aspectos que distinguem o bioma por Angelo Rabelo, presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP). “O Pantanal tem uma história de ocupação diferente da maior parte dos biomas porque foi marcada pela convivência harmônica homem-natureza. Isso deu à região o privilégio de ter população de vida silvestre saudável. A visualização dessa fauna de fácil acesso favorece isso e oferece ao turista a oportunidade desse reencontro a natureza”, afirma.
No entanto, Rabelo também destaca que a complexidade do Pantanal torna sua acessibilidade mais difícil em algumas regiões: “O ecoturismo acontece especialmente na borda do bioma, onde tem estradas de acesso. Na parte mais interna os acessos são mais difíceis e demandam mais tempo. É fundamental ao turista que haja essa compreensão do espaço”. Essa característica traz outro diferencial ao bioma, que requer um turismo de pequena escala. “No Pantanal, devem ser sempre pautados os princípios de capacidade de carga. Ele não suporta o turismo em grandes grupos”, salienta o presidente do IHP. Por isso, uma política de comunicação e ordenamento é fundamental para que o ecoturismo aconteça de maneira mais efetiva e em genuíno equilíbrio com a natureza.
Desafios
Apesar de todas as belezas e do potencial do ecoturismo em contribuir para a preservação, a atividade não é suficientemente explorada no Pantanal, segundo os profissionais do ramo apontam. Para alguns, como Roberto Klabin, do Refúgio Ecológico Caiman, o motivo é a falta de conhecimento, tanto por parte dos visitantes em potencial, que não consideram incluir a região em seu destino, quanto dos empreendedores locais sobre as possibilidades que o bioma guarda. Ailton Lara, da Pantanal Jaguar Camp, também destaca que, por conta disso, muitos empresários perdem boas oportunidades que podem surgir da sustentabilidade.
A falta de apoio do poder público também traz dificuldades. Lara considera que essa instância poderia ajudar criando infraestrutura, capacitando prestadores de serviços e tomando medidas para a descentralização do turismo interno.
(Fonte: ProfilePR)