Skal e ICC, clubes do turismo que marcaram época

Encerrou atividades há poucas semanas o capítulo Curitiba do Skal Internacional, uma associação de profissionais de turismo presente em quase 100 países. Uma espécie de clube que reúne homens e mulheres dirigentes e líderes dos mais diferentes segmentos, como hotéis, restaurantes, empresas de transporte (aéreo, marítimo, fluvial, rodoviário e ferroviário), organismos oficiais, operadoras, agências de viagens e câmbio e imprensa especializada.

A sede mundial do Skal é em Torremolinos, Espanha, e a entidade tem comitês nacionais pelo mundo, além de clubes locais. Seu objetivo é promover o turismo através do relacionamento profissional e o network entre os associados, sob o lema “Fazendo negócios entre amigos”. Embora isso nem sempre tenha sido uma realidade.

Mas, afinal, o que quer dizer Skal?

Skal é uma palavra formada pelas iniciais de quatro outras de origem escandinava: Sundhet (Saúde), Kärlek (Amizade), Älder (Longa Vida) e Lycka (Felicidade).

UM POUCO DA HISTÓRIA

A ideia original do clube nasceu em função de uma viagem de homens ligados ao turismo, de Paris ao norte da Europa, seguida da inauguração do primeiro serviço aéreo entre a capital francesa e Estocolmo. A palavra Skal foi utilizada pela primeira vez como fecho da carta de agradecimento dos franceses aos seus anfitriões.

Florimond Volckaert, (centro) fundador do Skal, com membros da primeira diretoria

Em dezembro de 1932, em Paris, o agente de viagens Florimond Volckaert formalizou a criação de um clube internacional, sem fronteiras, que unisse a grande família do turismo. No dia 20 daquele mês, 53 profissionais fundaram o primeiro Skal, cujo presidente foi René Genestié.

Volckaert é hoje lembrado como o patrono de um Fundo de Beneficiência do Skal, criado em 1954, para auxiliar eventuais necessidades dos associados.

De Paris, a nova entidade ramificou-se rapidamente para várias outras cidades europeias, levando à criação, em 28 de abril de 1934, na capital francesa, da AISC – Associação Internacional de Skal Clubs. Hoje, a data é comemorada como o Dia Mundial do Skal.

EM CURITIBA, HÁ 54 ANOS

No Brasil, o Skal, cuja sede é o Rio de Janeiro, surgiu em 1955, em São Paulo, como o 143º do mundo.

O Skal de Curitiba, criado em 30 de abril de 1963, foi o sétimo do Brasil, depois de São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília e Belo Horizonte, de acordo com pesquisa da jornalista Rosy de Sá Cardoso, publicada em forma de livreto por ocasião do 40º aniversário da entidade.

No Paraná, em Foz do Iguaçu, há também o Skal Tríplice Fronteira, que reúne três países – Brasil, Argentina e Paraguai. Um caso único no mundo.

A histórica reunião da fundação do Skal Clube de Curitiba foi realizada no Braz Hotel, com a presença de 26 profissionais de turismo. Seu primeiro presidente foi Adolpho Romanó, então representante local da Lufthansa, que ficou no comando até 1968.

Diogo Falce de Macedo, segundo presidente do Skal Curitiba

Desde então, presidiram o mais tarde denominado Skal Internacional Curitiba: Diogo Falce de Macedo, Milton Dal Negro, Antonio Carlos Autran Alves dos Santos, Armando Couto, João Poli, Henrique Lenz César Filho, Luynes Langer, Mário Turek, Edmundo Tacla, Rosy de Sá Cardoso, Celso Tesser, Alcimar da Silva Ribeiro,  Amador da Fonseca, Nelson Pires de Moraes Jr, Josanne Savas, Luiz Júlio Zaruch, Roberto Bacovis, e novamente Alcimar Ribeiro e Luynes Langer, que faleceu no exercício do cargo, em 2017.

O Skal Internacional Curitiba fez história no segmento do turismo em Curitiba. Talvez a crise pela qual o país passou, e ainda passa, em função da incompetência de governantes em parte das primeiras duas décadas do século 21, tenha colaborado para afastar boa parte de seus membros. Afinal, nas mensalidades, estavam incluídas taxas para os Skal Nacional, do Mercosul e o Internacional, estas pagas em euros. Os associados foram minguando, até se ultrapassar, negativamente, o número mínimo previsto pelos estatutos. Lamentável.

Ingressei no Skal Curitiba em 1982 pelas mãos do meu colega Antônio Senival Silva, já falecido, jornalista de alta competência e grande caráter. No clube, convivi com expoentes do turismo paranaense. Cito alguns dos que já nos deixaram, como Amador da Fonseca, que foi da Vasp e depois montou empresa de câmbio, com sua marca registrada do bom humor; Edmundo Tacla, o representante da SAS – Scandinavian Airlines System, meu colega do Colégio Bom Jesus, que reencontrei nas lides do turismo, sempre muito respeitado; Mário Turek, o homem da Banda Turek, de Rio Negrinho; Jorge Rutois, argentino de Mar del Plata, uma presença sempre amiga com quem convivi por duas décadas, figura que sempre soube exercitar as palavras amizade, lealdade e companheirismo; Luynes Larger, representante local da Costa Cruzeiros, British Airways e Mexicana de Aviación, e que, anteriormente, trabalhou na Varig e na TAP, com quem compartilhei quase diariamente, e por anos, o cafezinho da tarde.

INTERLINE CLUBE

A par do Skal, outro clube marcou época no âmbito do turismo local: o ICC – Interline Clube de Curitiba, este congregando apenas executivos da área da aviação; nós, jornalistas, éramos uma espécie de sócios-agregados, pagando, naturalmente, como os demais, as taxas relativas às reuniões mensais – almoços ou jantares, organizados pelas empresas aéreas, de acordo com a ordem alfabética.

Luynes Langer, com o símbolo do ICC, que também presidiu

O símbolo do ICC era uma pá de hélice, sempre passada para a empresa organizadora do próximo encontro.

O ICC existiu enquanto existiam companhias aéreas como as brasileiras Varig, Vasp, Transbrasil, Rio Sul, Nordeste; a chilena Ladeco – Líneas Aereas del Cobre; a norteamericana Pan Am; a Viasa – Venezuela Internacional de Aviación; as representações locais da SAS, Royal Air Maroc, British, entre várias outras.

Lembro de nomes como Fahim Kirilos, Alberto Noel de Paula e Henrique Lenz Cesar, da Alitalia; Majid Kardoch, da Pan Am e da Royal Air Maroc; Francisco da Luz, da Pan Am; Bruno Girard, Paulo Yoshikawa, Erni Kurtenzbaum, Amaury Heckert e Elisabet Wall, da Lufthansa; David Rassi, da Ladeco; Manoel Ataíde dos Santos e Alfredo Ruy Ferreira, da TAP: Armando Couto, Amador da Fonseca, Tupy Barreto Jr, Raul Karam, Cláudio Isolani de Souza, da Vasp.

E mais: Pedro Espíndola, Luiz d’Amico, Sady Pretto, Walmir Domakoski, João Pedro de Alcântara, Luiz Carlos Perinotto, Carlos Coelho, Jorge José Rosa, José Carlos de Mello Neto, José Eduardo Molina (que também foi da Pantanal e Passaredo) , Bayarde Vieira de Camargo Filho, Pedro Edu Espíndola, Ostender Ferreira Junior, Jonas de Andrade Maciel, da Varig; Wilson Thomaz, da Viasa; João Poli, Valter José Zonato, Júlio Cajueiro (que também foi da Trip), Nelson de Souza Carneiro, Roberto Jarillo Sanchez, Jorge Antonio Santos, da Transbrasil; Saulo de Tarso Pereira, W. Tadeu Prado Gomes e Almir de Lara, da Iberia; Herbert Kleinbrod, Roberto Paulo Fiedler,  Paulo Karbach, João Caetano Ferraz de Magalhães e Deise Cléa Montanarin, da Swissair; Alzira Helena e Ícaro Vital Brazil, da United Airlines e da ANA/All Nippon Airways.

Ainda: David Rassi, da Ladeco; Rute Volpato, Ruy Carlos Lopes, Roberto dos Santos, da antiga Oremar, depois Orinter, que representava Air France, American Airlines, entre outras; Hideo Wilson Ogassawara, da Inter, representante da JAL, onde também atuou Herbert Pastor; Luynes e a irmã Leoni Langer, da Airlines, representante de vendas da British Airways e Mexicana de Aviación; Celso Tesser, da Aerolíneas Argentinas; Ruy Senff e Sílvia Kusminski Ribas, da KLM; Cristiane Sartori, da TAM; Telma Regina Ferreira e Pedro Domingues Prado, da Rio Sul; Edmundo Tacla, da SAS; Leila Magalhães e Trícia Sander, da Aeroflot; Segio Levy, da Korean Airlines e Continental; Mauro Mello, Mário Carvalho, João Carlos Loução, da Continental e Copa Airlines; Marco Antonio Costa, da Singapore; e tantos outros, muitos dos quais ainda hoje na ativa no âmbito do turismo, inclusive em outras aéreas.

Bons tempos.

 

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