Um sofá salvador

Palácio Iguaçu: sede do governo do Paraná/foto: Agência Estadual de Notícias

Com a eleição de Paulo Pimentel ao governo do Paraná, em 1965, vários integrantes da gestão de seu antecessor, Ney Braga, permaneceram nos cargos. Afinal, Ney havia sido o grande eleitor de Paulo, que fora seu secretário da Agricultura.

O engenheiro Saul Raiz foi um deles. Continuou no DER (Departamento de Estradas de Rodagem), onde, entre outras grandes obras, construiu a rodovia do Café.

Mas não demorou muito a boa relação Ney-Paulo e, aos poucos, este começou a fazer mudanças no secretariado, afastando alguns nomes ligados ao antecessor.

Segundo contaram pessoas à época próximas a ele, Saul soube que seria demitido através de telefonema de uma funcionária do Palácio Iguaçu, que informou estar datilografando o decreto de exoneração. Raiz sempre foi muito bem-quisto pelo funcionalismo público.

Furioso com a desconsideração, Saul ‘voou’ ao Palácio Iguaçu, foi abrindo portas e chegou à sala do governador disposto até a uma cena de pugilato. Que não aconteceu porque um assessor do governo teria empurrado um sofá entre os dois, evitando o choque.

No dia seguinte, o Diário Oficial confirmou a demissão.

No elevador

Anos depois, já prefeito de Curitiba (1975-1979), Saul Raiz foi a um evento no Hotel Caravelle, no centro da cidade, acompanhado do jornalista João Silveira Filho, que era diretor do Departamento de Relações Públicas e Promoções da Prefeitura. No elevador, onde estavam apenas os dois, apertou o botão correspondente ao andar do evento. Quando a porta já estava fechando, alguém no lado de fora chamou o elevador interrompendo o processo. Era o ex-governador e empresário Paulo Pimentel, presidente de uma rede de veículos de comunicação.

A porta se abriu, mas Saul não pensou duas vezes e disse:

– Está lotado!

Paulo esperou pela próxima viagem.

 

Compartilhar: