
As duas fotos que ilustram esta matéria retratam um momento histórico na vida da cidade de Curitiba. O cenário é uma madrugada de trinta e um anos atrás. Os atores principais: o então prefeito Jaime Lerner (1937-2021), em sua terceira gestão, e o chassis do que seria, meses depois, o biarticulado, maior ônibus que passaria a circular nas canaletas exclusiva do transporte urbano. Um item a mais na revolução urbana desencadeada nos anos 1970 pelo arquiteto e urbanista que mudou a cara de Curitiba e a tornou conhecida, e respeitada, no mundo inteiro.
Em 1974, num começo de primavera, Lerner legou à capital paranaense um inédito sistema de transporte em canaletas exclusivas: o ônibus expresso. Era o começo da Rede Integrada de Transportes, que incluía terminais e uma teia de ônibus alimentadores. Mais tarde, foram introduzidos os articulados, aqueles com uma sanfona no meio, e os carros das linhas diretas, os chamados ‘ligeirinhos’, que paravam nas estações-tubo, outra inovação da equipe chefiada por Lerner.
No final dos anos 1980, o prefeito pensou num ônibus bem maior e sua equipe de eficientes auxiliares na área de planejamento e transporte se debruçou sobre as pranchetas. A ideia do biarticulado foi apresentada à Volvo, fabricante de chassis de ônibus e caminhões instalada na Cidade Industrial de Curitiba. E foi bem recebida. Mas era preciso o aval da matriz, em Gotemburgo, na Suécia.

E assim, o projeto foi sendo desenvolvido a distância. As planilhas enviadas pela Prefeitura de Curitiba cruzavam o oceano e eram devolvidas pela Volvo com anotações técnicas. Aos poucos, o processo foi amadurecendo e sendo aperfeiçoado. Um dia, a Volvo de Curitiba montou aquele chassis gigantesco com duas articulações, que posteriormente seria encarroçado. Mas, antes, era preciso testá-lo nas canaletas para saber se as vias da cidade comportariam as curvas do gigante. O processo levou nove meses.
E, assim, numa ainda fria madrugada curitibana, o chassis foi testado. Com sucesso. Tempos depois, no segundo semestre de 1992, os primeiros 30 biarticulados começaram a cumprir o eixo Centro-Boqueirão. Ao contrário dos expressos e dos articulados, que eram vermelhões, os novos receberam a cor prata. Tinham 24,5 metros de comprimento, 2,50 de largura e podiam transportar até 200 passageiros. Hoje, Curitiba conta com mais de 130 ônibus desse tipo, que cumprem 10 rotas.
Atualmente, segundo dados da Volvo, os biarticulados, com quatro eixos e duas articulações, são os maiores ônibus em circulação no mundo. Dependendo da configuração da carroceria, podem ter até trinta metros de comprimento e transportar trezentos passageiros.
Zaruch, querido amigo, você não sabe a alegria que me deu. Lembro muito dessa noite e anos atrás procurei as fotos, sem sucesso. Esse último teste foi na praça Carlos Gomes, na esquina da Marechal Floriano com Pedro Ivo, exatamente por ser o ponto mais difícil do trajeto do Boqueirão para a praça Rui Barbosa. Foi uma alegria enorme quando concluímos.
Na foto onde aparecem os secretários e Lerner, o primeiro à esquerda , de barba, está o saudoso Gelson Laffite Kopruszinski, que era gerente da engenharia de produto da Volvo.
Prezado Bóris: problemas com o blog – já mudei de provedor – só me permitiram ver agora seu comentário. agradeço a leitura.
Zaruch, fui testemunha ocular desse momento histórico. Isso, há 31 anos. Pois bem, a História seguiu em frente, no ano passado comemoramos os 50 anos do Sistema Expresso, fiz uma profunda pesquisa documental, escrevi o documento, mas, infelizmente, a publicação foi descartada, depois de procurada a URBS. Insensibilidade com a História? Tb prontos e aa espera de editor, documentos q produzi aludindo, respectivamente, aos 50 anos do calçadão da rua 15, e tb da Rodoferroviária. Alguém se manifesta? E mais: tb pre-editado o historico do Mercado Municipal, q em agosto festeja seus 65 anos. Abraço e parabéns pelo teu cuidado com o cenário urbano.
Urban, só hoje vi seu comentários depois de uma série de problemas com o blog. Abraços e espero que tenha sucesso com as edições.