Brasil precisa investir na hotelaria de luxo

Patrick Mendes: tendências da hotelaria mundial

Ao contrário de outros segmentos da atividade econômica, na hotelaria, a oferta gera a demanda, desde que os procedimentos sejam conduzidos com profissionalismo. A constatação é do CEO da Accor para a América do Sul, Patrick Mendes, revelada na palestra que proferiu, na quinta-feira 9 de agosto na sede do Sindicato Empresarial de Hospedagem e Alimentação de Curitiba (Seha).

A Accor é uma operadora francesa dona de bandeiras como Sofitel, Novotel, Mercure e Ibis. Reúne cerca de 4.300 hotéis, resorts e residências em 100 países.

Mendes traçou um amplo panorama da hotelaria do mundo, chamou a atenção para o mercado chinês, que cresce a números superlativos, e disse que o Brasil precisa investir mais no mercado de luxo e que o campo, nessa direção, é amplo, embora o país se ressinta da falta de incentivos, a par das incertezas no campo da economia. Buenos Aires, a capital argentina, tem mais hotéis de luxo do que o Brasil inteiro.

Patrick Mendes, no ramo hoteleiro há 30 anos, graduado na Suíça e com mestrado em gestão de marketing e turismo, entre várias especializações, está há seis no Brasil, depois de exercer funções executivas na rede francesa na França, Inglaterra, Estados Unidos e na Ásia. É CEO para a América do Sul há três anos.

Para ele, Ásia e América Latina foram os grandes atores do crescimento no setor hoteleiro nos últimos cinco anos e que os mercados mais dinâmicos são China, Brasil, México e Indonésia. As redes chinesas, por exemplo, estão comprando empresas internacionais, enquanto o país espalha turistas pelo mundo; a previsão é de que, em 10 anos, 250 milhões de chineses estejam viajando pelo mundo. “E o Brasil precisa estar preparado para isso”.

Enquanto em países como França e Espanha o Turismo participa com 14% no PIB (Produto Interno Bruto), no Brasil o índice é de apenas 4%, mas que, com uma promoção inteligente, ao lado de outros fatores, isso pode mudar, diz ele. Em cinco anos, por exemplo, o Brasil tem capacidade para duplicar a oferta hoteleira, que hoje é de 550 mil quartos. Desse total, 65% pertence a hotéis independentes, 18% a redes internacionais e 17% a grupos brasileiros.

Mendes não vê empresas com a Airbnb, de locação de imóveis para turistas, como um concorrente predador, mas acentua que é preciso haver regulamentação da atividade e que as regras valham para todos. E que a locação seja sempre oficializada. A própria Accor já atua no segmento.

Ao final da palestra, apontou algumas tendências da hotelaria, entre as quais a inserção de hotéis em “bairros animados”, hotéis integrados ao meio urbano, a despadronização, de modo a torná-los mais atraentes, além de se adequar à tecnologia. Nos Estados Unidos, por exemplo, 40% das reservas são feitas via smartphones; no mundo, 83% pelas redes sociais. Em poucos anos, robôs serão utilizados no serviço ao hóspede, como já acontece em alguns hotéis em determinados países.

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