Montoya, o homem da Estrellas

Palácio de los López, sede do governo paraguaio

Alberto Montoya Correa Palacios, jornalista paraguaio, morou muitos anos em Curitiba. Tinha uma revista chamada Estrellas, que fundou em 1949 – continua sendo editada pela família, no país vizinho –, e era assíduo frequentador das áreas de comunicação dos órgãos públicos em busca de patrocínios.

Montoya também era vice-cônsul do Paraguai em Curitiba e garantia que, com o seu cartão de visitas, a pessoa seria sempre bem-vinda no Palácio de los López (assim chamado em razão de ter sido construído pelo presidente Francisco Solano López, em 1857), em Assunção, sede do governo paraguaio.

Era uma figura simpaticíssima, sempre bem-humorado. Sua revista era pesada, muitas páginas em papel couché. Montoya tinha um álbum de fotografias, onde aparecia ao lado de políticos dos Estados Unidos, como John Kennedy, Lyndon Johnson, Richard Nixon, expoentes europeus e, senão me engano, até de um Papa.

Privava do círculo próximo ao ditador paraguaio Alfredo Stroessner (1912-2006), que governou o Paraguai entre 1954 e 1969, assumindo pela primeira vez com um golpe de estado. Foi derrubado também por um golpe liderado pelo general Andrés Rodriguez (1923-1997), seu aliado por 35 anos, com o qual tinha relações familiares. Morreu exilado em Brasília. Era dono de uma casa de veraneio na praia de Guaratuba, litoral do Paraná.

Encontro Alberto Montoya Palácios na Boca Maldita, no centro de Curitiba. E lá está ele tecendo elogios ao novo governo paraguaio, que havia aliviado a repressão. Estranhei, porque ele sempre se declarou um adepto fervoroso do generalíssimo Stroessner. Perguntei se já havia aderido ao novo presidente. Com um sorriso sempre aberto, sua marca registrada, respondeu:

– La misma gente, los mismos ideales, pero com más libertad e más democrácia!

E nada mais lhe foi perguntado.

 

 

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