Inaugura nesta segunda 29, às 19 horas, no Museu Campos Gerais, em Ponta Grossa, a exposição “Muirapiranga no Paraná”, da artista visual e escultora Elizabeth Titton. A mostra, que j[a esteve em Curitiba, Cascavel e Toledo, fica aberta ao público até 29 de julho, com visitação de terça a sábado, das 9h às 11h30 e das 13h30 às 17h, com entrada gratuita.
A coleção é composta por 21 esculturas de 40 cm de altura e 15 gravuras relativas aos estudos dos indígenas do Xingu e terá recursos de acessibilidade para pessoas com baixa visão, com etiquetas em braile, colocadas nas bases das esculturas, além do texto do catálogo com a mesma adaptação.
Além disso, contará com códigos virtuais (QR code) para todo o material da mostra, que levam a um canal no Youtube onde estão áudios explicativos sobre o processo de criação e texto crítico: https://www.youtube.com/channel/UCtJd9NvSoFpy3BLdNXY838g
A questão da acessibilidade contempla e dialoga com a estrutura das cidades e dos museus por onde passou, mas principalmente possibilita a fruição de públicos que convencionalmente não são contemplados pelos museus.
A partir de recursos como a audiodescrição, braile, réplicas táteis e da organização de oficinas com crianças de escolas públicas, “Muirapiranga no Paraná” proporciona uma experiência democrática de acesso à cultura.
O nome Muirapiranga é um tributo às árvores e em especial à árvore amazônica também conhecida como pau-rainha, com sua madeira vermelha que remete à cor da ferrugem das esculturas oxidadas.
A coloração vermelha da Muirapiranga é representada pelo tom de ferrugem das esculturas em metal, resultando em uma mistura da espacialidade da natureza e do universo do urbano, da eternidade do metal e da efemeridade das formas, que percorrem elementos que remetem à mitologia – árvores, folhas, flores, água, peixes, pássaros, nuvens e estrelas.
Altamente resistente a infecções de fungos e cupins, mas de fácil trato para trabalhos manuais, a Muirapiranga, árvore amazônica similar ao pau-brasil, pode ser associada à resiliência dos povos originários, ancorada em suas sensibilidades, territorialidades e na relação com a natureza. A árvore é utilizada para a confecção de instrumentos por sua qualidade e dureza.
Titton quer completar a experiência de perceber o mundo, conforme o pensamento do filósofo francês Maurice Merleau-Ponty, alertando de que a ciência é sua expressão segunda, pois, primeiro, existem os rios e as montanhas, depois os mapas que os representam, além de refletir sobre a crescente cegueira do homem moderno perante o mundo que habita.
A artista reflete sobre o conteúdo da mostra: “As florestas, sempre tão discutidas e pouco preservadas no mundo e no Brasil, existem para nós como uma realidade? Nós, seres urbanos, em nossa maioria apenas as conhecemos por sua representação. A floresta real não nos é vivenciada. Chega a nós pelas mídias. Talvez por isso não sejamos tocados por todos os apelos contra a devastação e eliminação da vida silvestre, já que temos a impressão de que nunca dependemos dela para nossa sobrevivência?”, indaga Titton.
Elizabeth Titton é escultora. Graduada em Administração de Empresas pela UFPR 1972, em Pintura pela Embap 1982. Especialista em Sociologia e Economia pela PUC/PR 1988. Mestre em Educação pela UFPR 2000. Diretora do MAC Paraná 1984/87. Criadora do Espaço Cultural “Pró-Criar”1988. Professora do Curso Superior de Escultura da Embap por 16 anos,
Este projeto foi aprovado pelo Programa Estadual Fomento e Incentivo à Cultura (Profice), da Secretaria da Cultura do Estado do Paraná, e conta com apoio do Governo Municipal de Toledo e Havan; Produção do Cultural Office. O logotipo da exposição Muirapiranga no Paraná foi criado por Susana Mezzadri.