Moro no bairro Mercês, quase divisa com o São Francisco, a apenas dezenas de metros do Bom Retiro e um pouco mais do Vista Alegre. E do Pilarzinho. Não sei, até hoje, quem é o vereador do meu bairro. Nem dos vizinhos.
É uma consequência do voto proporcional, onde, a cada quatro anos, os candidatos à Câmara Municipal garimpam votos em toda a cidade. Elegem-se e não representam ninguém especificamente.
Por isso, sou a favor do voto distrital. Não do distritão. Com ou sem parlamentarismo, se isso for possível.
Veja, por exemplo, o atual estado das calçadas de Curitiba, que já foram chamadas de as piores do mundo. Os passeios estão tomados pelo mato, que até há pouco a Prefeitura cortava, através de equipes terceirizadas.
O que aconteceu? De repente, sem avisar, a Prefeitura deixou tudo a cargo do morador? Do proprietário do terreno? Do inquilino do imóvel? Parece que é o que dita a letra fria da lei, que até agora não vinha sendo aplicada. Mas não se justifica a ausência do Poder Público neste particular, sem aviso prévio, embora sob o argumento de que a todos é obrigatório o conhecimento das leis. E os espaços públicos, onde a mesma coisa acontece?
Seria esse um despresente à população na comemoração dos 330 anos da cidade?
Em dias de chuva – que têm sido muitos nos últimos tempos – caminhar pelas calçadas significa encharcar roupas e calçados, para dizer o mínimo. Fora as armadilhas que o mato alto esconde, como buracos e pedras soltas.
Então, é isso: cada morador deve ir cotidianamente ao Diário Oficial do Município conferir quais são as suas obrigações do momento. Ou ao site da Prefeitura, onde nem tudo é claro. Esperar pelos vereadores, nem pensar, embora haja exceções. Quem deles já abordou o assunto? Eu, de minha parte, já chamei o jardineiro.
E como os vereadores – com raras exceções, não quero generalizar – são eleitos por votos pingados em toda a cidade, eles se consideram desobrigados de representar a quem quer que seja. Só defendem interesses próprios e apresentam projetos que às vezes beiram o absurdo.
Como o que protela o pagamento das multas pelos estabelecimentos que infringiram os preceitos ao tempo da pandemia do coronavirus – quem cumpriu as determinações oficiais na defesa da saúde da população está sendo punido por vias indiretas – ou este de acabar com a proibição do uso do telefone celular dentro dos bancos.
Na sessão desta segunda-feira 20, a proposta de uma vereadora foi aprovada por 14 votos a favor, 13 contra e seis abstenções. Houve empate na votação, mas o presidente da Casa exerceu o voto de Minerva e deu ganho à causa.
A quem interessa isso?
Segundo o próprio noticiário da Câmara, “o Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, hoje presente em plenário, se manifestou contra a mudança na lei, enquanto a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e o secretário Péricles de Matos defenderam o fim da restrição”.
Ah, então está explicado. Vencem os poderosos.
E os bandidos, sempre prontos a dar o bote, agradecem.