Em 1991, participei, em Salvador (BA), de um congresso brasileiro de jornalistas de turismo. Na cerimônia de abertura, no teatro Carlos Gomes, o cantor Gilberto Gil deveria se apresentar com a Orquestra Sinfônica da Bahia, mas roeu a corda, alegando que não havia ensaiado o suficiente. No dia seguinte, no centro de convenções, fez uma sonolenta palestra que esvaziou mais da metade do auditório.
Voltando à sessão de abertura do congresso: à mesa, entre os dirigentes da entidade promotora – a Abrajet (Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo), o governador baiano recém-empossado (era sua terceira gestão), Antônio Carlos Magalhães, e o prefeito de Salvador, Fernando José, eleito em 1988 graças à sua popularidade como radialista, da área de esportes, com apoio de seu antecessor, Mário Kertész, e de Gilberto Gil, eleito vereador da cidade na mesma época.
Fernando José, que não estava fazendo uma boa gestão e era muito criticado, falou antes, dando as boas-vindas aos congressistas. No encerramento da noite, antes de a orquestra se apresentar, falou Antonio Carlos Magalhães, o ACM, “rei” da Bahia, pela qual, na verdade, fazia tudo. E era venerado pela população.
Depois das cortesias ditadas pelo protocolo, ACM, sempre olhando firme para o prefeito ao seu lado, pediu aos presentes desculpas pela situação de desleixo em que se encontrava a capital baiana, e fuzilou:
– Dou ao prefeito aqui o prazo de três meses para consertar as ruas. Se não o fizer, passo por cima das formalidades e coloco as máquinas e o pessoal do DER para fazer o serviço.
Foi uma saia justa danada.