Os cavaleiros do Apocalipse

Encontrei entre meus guardados um recorte da coluna “Informe JB”, de uma edição de décadas passadas do Jornal do Brasil, mas cujo tema continua bastante atual, seja no âmbito da empresa privada como no do serviço público. Tem muita gente parecida com os quatro tipos abaixo. A nota, com o título “Os cavaleiros do Apocalipse” é a seguinte, na íntegra:

“Um irônico especialista em recursos humanos informa que conseguiu isolar, depois de algumas pesquisas, os vírus dos quatro cavaleiros do Apocalipse que infestam o país.

São os seguintes:

1)      O Simulador da Produtividade

2)    O Articulador do Caos

3)    O Profeta da Catástrofe

4)   O Falso Eclético

O Simulador da Produtividade chega cedo, sai tarde, trabalha em mangas de camisa, almoça na mesa, corre, está sempre refazendo o trabalho dos outros, muitas vezes durante os fins de semana, e pode ser identificado também por irradiar frases tais como: “Precisamos vestir a camisa”, “Vamos ajudar o chefe”, “É preciso otimizar os recursos”.

Não faz absolutamente nada. É como o redemoinho, gera uma grande confusão em torno de si, mas depois que passa ninguém se lembra dele.

Contra essa espécie o melhor antidoto é passar-lhe tarefas inúteis. Assim ele fica simulando e não atrapalha os outros.

O Articulador do Caos é o especialista em montar grupos de trabalho e mobilizar inúmeros setores para uma só tarefa. Basicamente, é capaz de receber uma ordem de servir um café ao presidente da empresa e reagir mandando suspender as exportações do IBC para impedir que o chefe fique sem o seu café. Não é necessariamente agitado. Pode ser uma pessoa de perigosíssima tranquilidade. Gosta muito de rabiscar papéis e de desenhar organogramas.

Pode ser neutralizado se for nomeado redator de todos os relatórios dos grupos de trabalho que cria.

O Profeta da Catástrofe é a encarnação do fim do mundo. Dispõe sempre da melhor informação possível de que está tudo perdido. E, como não há salvação, está sempre dando o melhor de si fora de seu campo de trabalho específico. Ou seja, não trabalha. Se alguém pede um café, fala meia hora da geada.

Para ele não há profilaxia conhecida.

O Falso Eclético entende de tudo, menos, como a realidade comprova diariamente, do que está fazendo. Ele dispõe de soluções para todos os outros setores que, afina de contas, são os responsáveis, segundo ele, pelas dificuldades que atravessa o seu. Não gosta de dar expediente.

Torna-se extremamente perigoso quando contrai o vício de profetizar catástrofes, pois a ideia o atrai.

Apesar disso, é um vírus mais fraco e pode ser neutralizado com a administração maciça de informações especializadas em estronomia técnica de plantio de milho e matemática pura. Como não os conhece, deixa de falar nos assuntos.

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