Uma rua e duas injustiças

A placa da rua com as abreviações que podiam ser evitadas

Uma rua de Curitiba, no Centro Cívico, transversal da Mateus Leme, exibe duas injustiças: o nome abreviado indevidamente e sua pequena extensão, cujo mérito é, além de prover seus moradores de acesso, descortinar ao fundo parte do cenário do bosque Papa João Paulo II.

A rua é quase uma travessa e desemboca no bosque do Papa

A rua, mais uma travessa, chama-se Jorn. Nacim B. Neto (Jorn. de jornalista) e corre ao lado de uma agência do Banco do Brasil. Mas a placa deveria estar lá por extenso: Nacim Bacila Neto. Ou apenas Bacila Neto, o que seria mais apropriado. Ninguém que o conheceu – naturalmente com as exceções dos ambientes familiares – chamava-o pelo prenome. Ele era, e sempre foi, o Bacila Neto.

Profissional de elevado talento, Bacila Neto (1925-1989) foi advogado, jornalista, editorialista da Gazeta do Povo, correspondente de O Estado de São Paulo em Curitiba, professor do curso de Jornalismo da UFPR (fui seu aluno e aprendi muito), formador de gerações de profissionais, primeiro presidente do Comitê Paraná-Ohio, instituição que promoveu o intercâmbio comercial e cultural entre o Paraná e aquele estado norte-americano.

Bacila Neto foi, também, conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná, nomeado pelo então governador Paulo Pimentel. Na época, o conselheiro era chamado de ministro. Foi duas vezes presidente daquela corte, nos anos 1970.

Bacila Neto, primeiro à esquerda, com colegas da Gazeta do Povo

Deixou sua marca na vida paranaense e merecia, post mortem, uma homenagem mais graduada, uma via mais importante – muitas delas dedicadas a pessoas medíocres – e não a preguiça de um burocrata que, ao projetar os escritos da placa, omitisse o nome pelo qual era conhecido e até abreviasse a profissão. Espaço não faltou. Não tinha a obrigação de tê-lo conhecido, mas sim de seguir a letra completa da lei que homenageou a personalidade.

Bacila Neto é também nome de rua em Palmeira, município dos Campos Gerais, no Paraná, onde nasceu. Cuja extensão, aliás, deixa a de Curitiba no chinelo.

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