Aconteceu em 1992

Teatro Guaira, um dos ícones na paisagem de Curitiba/foto: José Fernando Ogura/AEN

Em meus arquivos físicos ou digitais, que às vezes consulto em busca de informações que possam ser úteis, encontrei esse artigo do jornalista Aramis Millarch (12/7/1943 – 13/7/1992), publicado em sua coluna Tabloide, no jornal “O Estado do Paraná”, em 14 de abril de 1992, uma terça-feira, com direito a chamada na capa. O título: “Quem diria, Zaruch acabou no palco beijando Débora Bloch”.  Aramis, um talentoso cronista do cotidiano, comete, naturalmente, alguns exageros. Mas, pela coincidência das datas – exatos 32 anos – resolvi publicar no blog.

 “Aos 46 anos, o jornalista Luiz Júlio Zaruch, desde 1971 o porta-voz oficial do prefeito Jaime Lerner, realizou, inesperadamente, um desejo desde seus tempos de aluno do colégio religioso: subir ao palco de um grande teatro e contracenar com uma atriz famosa nacionalmente. Sexta-feira, 10, ao chegar ao Teatro Guaíra para assistir “Fica Comigo Essa Noite”, enquanto sua esposa, Tania e a filha, Juliana, entravam no auditório, ele foi procurar um lugar para estacionar seu reluzente Santana-92. Demorou mais do que pretendia e quando entrou, embora advertido pela recepcionista da plateia, de que não era conveniente ir imediatamente ao seu privilegiado lugar, poltrona 19, fila “C”, para ali se dirigiu.

“No palco onde iniciava a representação, a atriz Deborah Bloch, notou sua presença e não teve dúvidas. Com sua voz esganiçada, gritou: – “Que bom que V. veio para o velório do falecido” – dirigindo-se para Zaruch. No palco, ela estava ao lado do “corpo” do marido morto (o ator Luís Fernando Guimarães, dentro da trama desta peça – uma mistura de “Ghost” com o humor brega da TV-Pirata. Zaruch, em seu impecável terno marrom – sua elegância é famosa, já que seu pai, Jorge Zaruch, 71 anos, é considerado um dos melhores alfaiates do Paraná – subiu ao palco, deu dois beijos no rosto de Deborah e apresentou seus “pêsames”. Só então foi sentar ao lado da esposa e filha.

“Mais tarde, no Mabu Hotel, no coquetel que a diretoria local da Shell do Brasil – patrocinadora da peça que lotou o Guaíra no último fim-de-semana, Zaruch era cumprimentado por dezenas de pessoas por sua inesperada “performance”. Orgulhoso e, naturalmente, satisfeito por ter dado dois beijinhos em Deborah Bloch – uma das suas grandes paixões da televisão – acabou confessando que na verdade esta não foi a primeira vez em que subiu no palco convidado por uma atriz famosa. Há 10 anos, quando Ruth Escobar trouxe “A Revista do Henfil” no auditório do Sesi (avenida Cândido de Abreu), ele também foi chamado ao palco e acabou dando a sua participação. – “Mas agora, com Deborah; a satisfação foi maior” – repetia, sem provocar ciúmes da compreensiva esposa Tania.

“Jornalista da Prefeitura de Curitiba desde quando Omar Sabbag o convidou para a assessoria de imprensa, Zaruch é o mais constante colaborador de Jaime Lerner na área da comunicação. A prova está em duas fotografias que ilustraram, na semana passada, a badalativa matéria louvando o prefeito de Curitiba que Luís Fernando Sá publicou na revista “Isto É”. Numa foto, recente (e colorida), Zaruch aparece ao lado de Lerner, em solenidade alusiva aos 300 anos. Em outra, preto e branco, época em que Lerner era menos roliço e Zaruch tinha uma cabeleira ao estilo Beatles, aparece numa inspeção em bairros, ao lado do então diretor de obras, engenheiro Raimundo Marussig.”

Nota do blog: no palco, o ator Luiz Fernando Guimarães, o “falecido”, deitado em uma cama de casal repleta de pétalas de rosas vermelhas, me olhava e fazia micagens. Tive que fazer força para não rir.

 

 

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