Juarez Machado, de junho a setembro

Juarez Machado: de Joinville e Curitiba para o mundo/fotos: Max Schwoelk

Um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros, de renome internacional, o catarinense Juarez Machado terá 166 obras expostas a partir desta quinta-feira 2 de junho (abertura às 19h), e até 18 de setembro, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba: são pinturas, desenhos, fotos, esculturas e instalações. A coletânea abrange desde o início da carreira até sua fase internacional com a mudança para Paris, em 1986, passando pelos períodos no Rio de Janeiro, onde se destacou também como ilustrador, cenógrafo para televisão e teatro, figurinista, escultor e cartunista. A curadoria é de Edson Busch Machado.

“Juarez Machado – Volta ao Mundo em 80 Anos” inclui trabalhos que remetem ao início da carreira do artista em Curitiba, para onde se mudou no início dos anos 1960 para estudar na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Ele completou 80 anos em 2021.

“Seu despertar como artista teve início em Joinville. Mas foi em Curitiba que ele fundamentou esse trabalho antes de seguir pelo mundo”, diz Busch, que é também irmão do artista.

A mostra conta, por exemplo, com desenhos feitos com graxa para sapato na rua XV de Novembro, no início dos anos 1960, quando Juarez nem sequer tinha recursos para comprar tintas. “O público de Curitiba irá se identificar com o Juarez que viveu em Curitiba de 1961 a 1964, quando também fez grandes amizades com nomes como Fernando Velloso, João Osório Brzezinski, Fernando Calderari e Domício Pedroso”, lembra o curador.

“Lembranças do piano de Tom Jobim”, uma das obras em exposição

O nome da exposição — uma referência ao clássico de Júlio Verne “A Volta ao Mundo em 80 Dias” — traduz, em parte, o movimento constante de Juarez Machado, que nasceu em Joinville (SC), em 1941, e hoje se divide entre seus ateliês nas capitais fluminense e francesa depois de correr o mundo.

A mostra inclui obras produzidas em diferentes locais — sobretudo em ateliês em Paris, mas também em locais temporários para o artista, como Veneza e Saint Paul de Vence, na França. “Cada ateliê é representado com cores, códigos e uma linha pictórica diferente, que a exposição reúne muito didaticamente”, explica Busch.

A obra de Juarez Machado tornou-se patrimônio mundial, colecionando prêmios de arte nacionais e internacionais. Suas criações, ricas em ousadia, complexidade e humor, influenciaram gerações de artistas no Brasil e no exterior.

Entre os artistas influenciados por Juarez Machado está o diretor francês de cinema Jean-Pierre Jeunet, que se inspirou no universo de cores do pintor para criar o visual do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001). O diretor conheceu o artista no início dos anos 2000, comprou quadros e estudou seu estilo.

“É possível relacionar a temática, as paletas de cores e diversas nuances do filme com todas as pinturas da exposição, pois Jeunet se inspirou diretamente nas obras do artista”, explica Busch. “O público conseguirá identificar cores como o verde veronese e o vermelho terral que são vistos em ‘Amélie’”.

No Brasil, o artista multimídia também deixou sua marca em referências da cultura popular como o semanário impresso “O Pasquim” e a TV Globo, onde criou quadros humorísticos e musicais, além de assinar a criação de cenários e figurinos. Muitos ainda se lembram dos vídeos de mímica que Juarez Machado criou e estrelou para o programa “Fantástico” nos anos 1970.

Também tiveram a assinatura de Juarez Machado capas de livros e discos e projetos de design e arquitetura ao lado de nomes como Sergio Rodrigues e o próprio Oscar Niemeyer. Algumas das mais de 200 capas de discos e livros criadas pelo artista poderão ser vistas na vitrine de artes gráficas da mostra, que ajudará a compor a retrospectiva da vida e obra de Juarez, juntamente com um painel de fotografias e informações biográficas.

“Verão em Deauville”, de 1999, também presente na mostra

Entre os destaques da exposição estão dezenas de esculturas, suporte com o qual Juarez Machado se destacou logo no início da carreira. Há obras em bronze, metal e gesso, além da conhecida instalação criada com estátuas de Branca de Neve e os Sete Anões.

Também estará presente a bicicleta com rodas quadradas que inspirou o logotipo do Instituto Juarez Machado.

Segundo o curador da exposição, Edson Busch Machado, a ideia é que o público percorra a mostra como se estivesse fazendo um passeio de bicicleta — um dos ícones do universo pictórico de Juarez. Esse é o tema da projeção de vídeo que encerra a exposição.

“Juarez mescla a bicicleta, um elemento da infância em sua cidade natal, com a descoberta da figura humana, seja no estudo da anatomia na Belas Artes ou das belas mulheres que ele tão bem retrata em suas pinturas. E, a partir desses dois elementos, a curadoria parte para suas demais obras”, explica. “É uma viagem de bicicleta que percorre esses 80 anos e relembra todos esses elementos — os ateliês, as paisagens, as mulheres”, explica Busch.

 Ao longo do período expositivo, estão previstas seis oficinas para escolas públicas de Curitiba. Também haverá duas visitas mediadas, realizadas pelo curador da exposição para o público visitante, com tradução em libras: Oficinas com público espontâneo: dias 8 e 22 junho, das 15h às 17h; oficinas com público agendado: dias 6 e 20 de julho, das 15h às 17h; oficinas com escola pública, dias 10 e 24 de agosto, das 15h às 17h; visitas mediadas ao público espontâneo com o curador, Edson Busch Machado: dia 24 de agosto, às 11h e às 15h.

 

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