Festa de aniversário

Mussa: mestre do jornalismo

O jornalista Mussa José Assis, que morreu aos 69 anos, em 21/2/2013, tem um longo e produtivo registro de feitos na imprensa paranaense. Durante quase toda a sua vida profissional foi diretor de redação de O Estado do Paraná, desde a compra do jornal pelo então governador Paulo Pimentel. Antes, com apenas 21 anos, havia sido secretário de redação do Última Hora, em São Paulo. Dirigiu também a Tribuna do Paraná, o Correio de Notícias e o Jornal de Curitiba.

Mussa era um profissional altamente criativo e sabia tudo de jornal: dos meandros da redação aos porões barulhentos das oficinas, onde, até determinado tempo, habitavam as linotipos. Tinha o timbre do inovador, do ousado. Para aprender, com ele, bastava observar seu dia-a-dia. Foi também professor de Diagramação e de Técnica de Jornal na PUCPR e na UFPR.

Em tempos de repressão do governo militar, no final dos anos 1960, para evitar problemas aos seus comandados na redação, Mussa criou pseudônimos com os quais assinava os artigos que poderiam não agradar aos chefes militares de plantão. Um deles foi “Roberto Maria de Pompéia”, talvez uma homenagem à cidade onde nasceu, Pompéia, no interior de São Paulo.

Nessa época, o diretor geral de O Estado era o jornalista e advogado João Féder, também professor do curso de Jornalismo da Federal e mais tarde conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná. O diretor comercial, João Baptista de Moraes. Ambos faziam aniversário no dia de São João, 24 de junho. Naquele ano, os dois aniversários seriam comemorados numa churrascaria, com a equipe.

Os dois não: três. Porque Mussa, malandramente, pediu ao colunista social do jornal, Carlos Jung, para registrar que “Roberto Maria de Pompéia” também “estreava idade nova” naquela data.

À noite, entre cortes de carne e boa cerveja gelada, os dois Joões – Féder e Baptista de Moraes – foram efusivamente saudados pelos presentes, entre os quais autoridades de governo e alguns deputados. “Roberto Maria de Pompéia”, naturalmente, não apareceu e sua ausência foi justificada por Mussa, que alegou estar ele, naquele momento, cumprindo importante pauta para uma reportagem.

Entre os que saudaram os aniversariantes, um deputado buscou os mais profundos elogios aos Joões e também ao inexistente Pompéia, este brindado com adjetivos de competência e a quem desejou muita saúde e longa vida.

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